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Mostrando postagens de março, 2020

Apocalipse - Renê Paulauskas

Nessa pandemia, quando a produção de alimentos parar por falta de funcionários, nunca será tão necessária sua robotização e uma renda para as pessoas consumirem seus produtos. Esse vírus só antecipou o futuro umas décadas, nada será mais como antes. As máquinas trabalharão a serviço da humanidade. O Estado será obrigado a garantir renda, educação e saúde para seus cidadãos. O velho mundo pós moderno está se desfazendo como um castelo de cartas. Esse período de isolamento que estamos vivendo funcionará para acelerar essas mudanças. Uma renovação do mundo está acontecendo, e para melhor.

Eterno- Renê Paulauskas

Sonhei. Um sonho onde fazia de tudo pra encontrá-lá. Que quando enfim ela chegava, estava em outro lugar. Era a outra a quem corria, mas antes mesmo do contato, acordei. Que sonho romântico, pensei. Onde a busca do encontro é eterna e nunca se dá.

Cupim- Renê Paulauskas

Tem várias maneiras de se perder alguma coisa. A melhor, sem dúvida, é a entregando pra vida. A pior, é pegando cupim.

Tão- Renê Paulauskas

Hoje tive um sonho tão bom, que não queria sair da cama. Um sonho tão bom, que não queria mais acordar. Tão bom, que fiquei pensando se era pra mim mesmo e não pra uma pessoa mais necessitada. Tão, que quase me senti culpado.

Depois do fim- Renê Paulauskas

A luz ainda não foi apagada. Não há trevas. O sistema, sim, entrou em colapso. Mas não é o fim, e sim um recomeço.

Vírus- Renê Paulauskas

O vírus acabou com a autoestima da pós modernidade, onde velhos se achavam jovens e doentes se achavam saudáveis. Pois um limite ultrapassado, um retrocesso. Um doloroso horror. O bom é que vai passar. Quem sabe aprendamos algo com essa dor.

Espelho- Renê Paulauskas

Minha vida ensinou ''olhe menos no espelho'', o mundo verdadeiro se encontra na vida. Risos, jeito espontâneo, surpresa. Tudo do lado de cá, sem imagem refletida.

Frasco- Renê Paulauskas

Impulsos elétricos que não escolhi. Para uma falsa ilusão de realidade que também não escolhi. Cérebro-computador tátil. E meu coração em frascos.

Vício- Renê Paulauskas

O que dizer do prazer, como nos vicia. Libera dopamina querendo sempre mais. Nos escraviza antes de percebermos. Fazendo de tudo só pra sentir mais uma dose. Horrível prisão invisível. Que nos torna reféns de algo tão natural como o prazer.

Viver- Renê Paulauskas

Comecei a desfazer a rotina, fazer o que dá vontade. Lavar a louça, para me diferenciar dos machistas. E com o tempo, vivendo.

Tanques- Renê Paulauskas

Começava a esquecer as coisas. Se tinha ou não tomado seus remédios. Sonhos só lembrava às vezes. Enfim estava sendo tão normal como os demais. Perto, chegavam caminhões cheios de soldados. Tanques. Tropas. Era o fim. '''Rene, que má hora para ter uma vida normal''.

Pêlos- Renê Paulauskas

Faço a barba por cima da cicatriz suicida pedindo um pouco paz. Não tão cortada pela rigidez dos hábitos militarizados da saúde pública, mas pelo simples incômodo dos pêlos grossos crescidos em meu rosto. Foram só quinze anos para deixar que crescessem soltos para depois cortar naturalmente.

Music- Renê Paulauskas

In saturday I walking in the street and look the bird sing in the way. In my house I think in my life. I belive the goes with the faith. I belive the walk with step by step.

Espera- Renê Paulauskas

Tiraram a cortina multicolor. A morte aparece. Também a vida. É preciso se agarrar as coisas como quem está com fome. Porém, em volta, sempre mais podridão do que beleza. Se guiando pela certeza que vale a pena esperar.