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Mostrando postagens de setembro, 2019

São Paulo- Renê Paulauskas

Devolta! Ah, São Paulo, São Paulo das multidões. Onde tem de tudo, até a ausência sobra. Onde cada um é um mundo e mesmo assim insignificante. Minha cidade não é o mundo, mas meu mundo está nesta cidade.

Mal humorado- Renê Paulauskas

Voltando pra casa, de Itu para São Paulo, chego a uma conclusão notável: A humanidade tem milhões a mais de pessoas boas do que ruins, mas é governada pela pior faixa, aqueles que não tem humor.

Vida- Renê Paulauskas

Viver não é difícil, mas controlar a ansiedade de uma vida bem vivida é. O tempo ajuda, a ansidade dos quarenta anos é quase nula se comparada a dos vinte. Mesmo assim, aquele resquício, projeta mundos, sonhos. E é exatamente por esses momentos que chamamos vida e não apenas sobrevivência.

Insólito- Renê Paulauskas

Depois de acordar sem fôlego por ter esquecido de ligar o ar no quarto de final 66, minha viagem começa a ter ares insólitos. Mesmo assim vou dar uma caminhada, ver o que tem de bom nessa pequena cidade chamada Itu.

Piada de mal gosto- Renê Paulauskas

Discurso de Bolsonaro na ONU mente descaradamente criando vários bode expiatórios. Faz dos médicos cubanos que vieram trabalhar no Brasil, de médicos formados e capacitados em vítimas de trabalho escravo. Das ONGs que trabalham pra proteção das florestas e da Amazônia, empresas à serviço de outras nações interessadas não na proteção do meio ambiente, mas nos metais preciosos embaixo das terras indígenas. Seria para rir se não fosse ouvido e com risco de ser levado a sério pelo mundo.

Luto e luta- Renê Paulauskas

Ontem foi um dia de debates sobre o genocídio em amplos aspéctos no Ponto de Economia Solidária do Butantã, zona oeste de São Paulo. Falaram sobre os desaparecidos da ditadura, mas também dos sempre desaparecidos pretos da periferia. E um cacique que entrou por acaso no evento, falou da maior população exterminada, os índios. Terminamos o encontro na frente da casa do Dinho, liderança ali na região. Sua mulher após ouvir o cacique falar disse que ouviu de um indígena numa viagem que os índios do Brasil iriam ficar calados por quinhentos anos, e que agora, já tinha passado esse prazo. Fomos todos pra casa cansados de debater assuntos tão densos, mas fortalecidos e renovados.

Tempo- Renê Paulauskas

O que fazer do tempo quando temos tempo demais. Minha mãe dorme, muitos enchem a cara, há quem passeie, procure o que fazer, eu faço tudo isso e ainda me sobra um tempo absurdo. Antes assim do que não ter tempo pra nada.

Sagitario- Renê Paulauskas

Em breve irei viajar, depois de descansar dessa reforma. Faz muito tempo que não viajo. A última grande saída foi seis meses pelo Brasil. Dessa vez vou aqui pertinho, interior de São Paulo. Pra matar um pouquinho a saudade, e não perder o jeito. Afinal, sou um sagitariano.

Telhado- Renê Paulauskas

Estou cansado, exausto pra ser mais claro. Dum cansaço na pele, nos poros, na alma. Cansado a dias, semanas, a quase um mês. Mas hoje durmo. E quando acordar terá tudo passado. E terei um telhado novo. Até recomeçar. E ficar cansado mais uma vez.

Ditado pra mim mesmo- Renê Paulauskas

Destruir é mais fácil do que construir. Por isso, não perca tempo destruindo, deixe isso ao tempo. Também não tente construir um castelo atrás do outro para que desfaçam-se como areia. Aproveita a inspiração e aí movesse. De resto deixa ao tempo, só depois recolhe os destroços.

Vós sois Deuses- Renê Paulauskas

''Vós sois Deuses''. Quando falei alto essa fraze, com essa pronúncia arcaica, não sabia o que estava falando. Estava internado no pronto socorro psiquiátrico pela primeira vez depois do meu primeiro surto psicótico cheio de alegorias religiosas. Mas aquela linguagem, inacessível pra mim, naquele tom, provocou um verdadeiro choque nas pessoas que ouviram naquele instante, as deixando petrificadas. Hoje desconfio da possibilidade de ter recebido essa mensagem de algum espirito, talvez do próprio Jesus. O episódio passou, mas a mensagem ficou. Repasso alhures até além dos montes, amém.

Lobo do homem- Renê Paulauskas

Aquilo me pareceu monstruoso, a insensibilidade, falta de empatia. Mas era só humano. É que o ser humano é monstruoso mesmo. Um bicho diferente dos demais. Mais frio, egoista. Com a razão engendrada em papeis que nada tem a ver com a sensibilidade própria de outros mamíferos. O homem é o lobo do homem.

''Liberdade''- Renê Paulauskas

Às vezes é como fazer parte de uma experiência, rato de laboratório. Outras, transborda nos olhos algo, até ratos sentem. Nos controlam, olhos de todos os lados. Não somos livres, é tudo uma ilusão. Mesmo assim, quase vivos, quase livres, fazemos do quase nossa liberdade.

Desejos e intenções- Renê Paulauskas

Pode ser viagem da minha cabeça, mas às vezes parece que cada pensamento emitido produz uma consequencia física, seja no espaço ou um efeito colateral no próprio corpo. Uma espécie de comunicação direta dos nossos desejos e intenções.

Ela- Renê Paulauskas

Quando vejo uma mulher como ela, vejo o mundo novamente. Vontade de conhecer tudo denovo. De namorar, viajar, ter filhos, casar... Quando olho pra ela é um presente, um estar vivo.

Boxe- Renê Paulauskas

Apanhei, apanhei muito. Mas nunca me derrubaram, ou deixaram-me incosciente. Resisti, outras revidei. Mas sempre intocável, pelo menos aos meus princípios. Assim continuo lutando. Apanhando, mas nunca me curvando ao que não concordo.

Sambadas- Renê Paulauskas

Sambadas é um grupo paulista de samba só de mulheres. Fui em duas apresentações, ambas no final da Cardeal Arcoverde em pinheiros. É um local lésbico, por isso, quem não é precisa chegar de mansinho, respeitando o ambiente. O som é de primeira, vale a pena experimentar!

Criar- Renê Paulauskas

Para de pensar no tempo. O futuro é tão impreciso como seu pensamento. Um depende do outro, então pensa. Mas vive, se não de nada vale a pena. Cria o dia, e interage com ele.

Ser humano- Renê Paulauskas

O ser humano é aquele ser que mal se cura de uma ressaca, lá vai ele encher a cara denovo. Aquele que só vive o presente buscando o prazer, deixando de lado a razão, sem pensar em futuras dores de cabeça. Um ser irracional, que só pensa, depois.

Reforma- Renê Paulauskas

Dentre todas as possibilidades de passeio, a impositiva e concreta certeza da chuva num dia frio. Hoje, fico em casa. A calmaria, nesses dias de reforma, é tão necessária como procurar ar fora de casa.

Bicho- Renê Paulauskas

Quando acordei tinha uma pomba ferida no meu quintal. Moribunda, ainda viva, não voava mais. Entrei em casa deixando o animal em paz. Quando voltei vi ao seu lado o vil gato que a atacara. Dei um chega pra lá, mas sabendo que o bicho volta. O que fazer não sei. Estou meio preocupado.