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Mostrando postagens de setembro, 2020

Fantasma- Renê Paulauskas

 Às vezes vejo fantasmas. Fantasmas vivos que já não existem mais. E os cumprimento como de carne e osso. Os dou de comer, de beber, os deixo corados. Daí quando saio, esqueço deles como se nunca tivessem existido. Sou tão morto como eles. Somos todos iguais.

Acordando- Renê Paulauskas

 Ele se alimenta na sombra desenhando luzes. Diz que renasceu várias vezes do passado. Caminha sobre as folhas secas com o vento desalinhado seus cabelos. Está vivo, mas toda noite morre alguns segundos. Gole seco de água na madrugada. Preso entre a noite e a manhã. Descortina de olhos cansados. E repete, é uma história de amor, é uma história de amor. 

Transtorno Bipolar - Renê Paulauskas

 Hoje, dezoito anos depois daquele dia da nossa separação, começo a entender melhor o que aconteceu.  Depois de uma história de muitas descobertas com criatividade e tesão, nosso sexo já não era mais o mesmo entrando no nosso quarto ano de relacionamento. Foi então que ela disse uma vez não se importar em não gozar. Percebia que se aproximava do trompetista da banda. Eu cuidava da nossa filha, com um ano na época. Pagava sua escola, a levava cedo, buscava, dava banho, comida, botava pra dormir, éramos muito próximos. A mãe chegava do trabalho depois que já estávamos dormindo.  Um dia não aguentei mais e pedi a ela que me contasse se tinha acontecido alguma coisa entre ela e o trompetista. Ela disse que eles se beijaram. Conversamos rapidamente com calma dizendo que o mais importante era ficarmos juntos, como se nada tivesse acontecido. Fomos deitar e aconteceu. Acordei em surto de agressividade a colocando pra fora de casa. Surtos como esse seriam normais dali pra frente como epoisódio

Ensolarado- Renê Paulauskas

 Mais um dia me escondo. Atrás de uma janela, com braços e pernas pra fora. Dias passam rápidos e iguais. Uma curiosidade me mata: O dia lá fora. Procuro companhia entre meus pares. Desocupados interessados no dia como eu. Uns mais outros menos, mas hoje, ninguém tão desocupado como eu. Exceto a Riso, que tem tomado sol.  Com gente de fora é mais difícil marcar alguma coisa. Pelo menos agora na pandemia. A lista do whatsapp diminuiu. Deixei somente amigos e família. Tentei refazer contatos. Não foi possível, o mundo encolheu. Agora fechou o tempo. Talvez chova. Já me sinto melhor. Sem tanto desejo castigando a vontade de um dia de sol.