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Mostrando postagens de novembro, 2014

O processo da loucura- Renê Paulauskas

O que me incomoda nas obras sobre a loucura é a artificialidade. Do tipo de alguém que faz uma caricatura tosca de algo que não entende. A loucura é antes de tudo um processo. Um processo de adensamento das coisas a um universo. Nunca sabendo se este universo existe de fato ou se é uma inventividade, ele nos engole, de um jeito tão denso que é impossível resistir mais do que uma semana nesse processo. Os universos são variados, mas se complementam, vários lados mesmo mundo, às vezes influenciado por uma simples ideia, que se torna tão verdadeira capaz de engolir tudo como um buraco negro. Digo isso porque sou Bipolar, falo da minha experiência. 

BREU-VINICIUS TETTI SILLA

O sonho não acabou...?: Mas reside numa caverna...@$ Donde bate pouca luz!!! Preciso acender minha lanterna: Pra enxergar nesse breu; E encontrar meus ideais do passado Como mudar o mundo Mas sei que é mudando  um pequeno espaço Que contribuo na revolução?: Não naquela sangrenta; Mas na das mentalidades Contribuo como eu posso; Com essas mal traçadas linhas...?:

A vida rotineira- Renê Paulauskas

O que vem a ser viver a vida? Poucos amigos, família, um trabalho, diversão umas duas vezes por semana... Esse parece o comum do viver a vida, viver numa sociedade que tem essas características individuais, mas que em conjunto, e se vista de longe, parece uma amálgama impenetrável, pelo menos aqui na cidade grande. Quanto menor o espaço cúbico entre as pessoas, maior o desconforto, o estresse. No interior, onde tem menos pessoas, se fala sem receio, sem medo. Isso não quer dizer que lá tenha menos preconceitos, muito pelo contrário, mas a vida fora de casa, do momento em que se pisa na rua, não é motivo para mudar o comportamento ou ter receios, é quase uma extensão da vida doméstica. Nas cidades como São Paulo, só se vive para trabalhar. A cidade é farta de cultura, de coisas pra se passar o tempo, mas inóspita. Não sei se eu é que estou moribundo, ou se esta cidade que me mata aos poucos. 

Miragens- Renê Paulauskas

São os desejos que me prendem nas miragens deste mundo, preciso me afastar dos desejos, para ver e sentir o nada que é verdadeiramente este mundo.

Fundo do mar- Renê Paulauskas

A respiração vai e vem, como as ondas, os pensamentos, uma fina sintonização com o meio. Algo de profundo existe na memória, algo no fundo do mar, em seu silêncio de organismos vivos de um novo mundo mais aparentemente tranquilo. Aparentemente, pois, quando uma lula come um caranguejo, é tão violento quanto.

O Amigo Fiel- Renê Paulauskas

O anjo caído em forma de demônio tinha a missão de junto com seres terrestres persuadir o ser para que nunca despertasse dessa realidade. Eram rostos conhecidos de muito tempo se não desde seu nascimento. Família, amigos, namoradas, todos se encaixavam no mesmo perfil. Então o ser foi até seu amigo e perguntou: “Se você pudesse realizar um desejo, o que pediria?”. Seu amigo o olhou e falou: “Pediria mais saúde”. E saúde foi dada ao seu amigo. Passou um tempo e ele fez de novo a pergunta ao amigo: “Se pudesse realizar um pedido o que pediria?” E ele disse: “Paz pra mim e pra todos” Então o ser pediu para seu amigo que ele deixasse de ser pasmo e fosse verdadeiro com ele. E por mais que ele soubesse de tudo, não poderia jamais contar com a sinceridade daqueles que faziam parte de sua vida já há muito tempo e que tudo, essas ideias, as sensações de viver num mundo falso de realidade duvidosa, começaria a sumir, dando espaço a realidade das coisas, como um conto de fadas que se esquece

DESGASTADO PELO TABACO - VINICIUS TETTI SILLA

Navegantes perdidos Ao sabor do vento Às vezes aparece uma  corrente marítima Nem ao menos sabem se vão dar numa ilha ou continente SOS SOS SOS Se eu pelo menos consertasse minhas velas Elas poderiam me guiar por um caminho mais tranquilo Tenho que tomar cuidado com os redemoinhos e tempestades Ou pior Ser atirado à água Mas pelo menos sei nadar O fôlego que me é desgastado pelo tabaco Vou ter fé Para ir mais além e não para o além

MÚSICA- RENÊ

DESCONECTADO- RENÊ PAULAUSKAS

I O mundo não é Já foi Presos pela liberdade De um mundo irreal Somos todos alvos fáceis Destinos cruéis. II Até onde vai Essa carnificina Que faz de nós o gado Torturado Rompido Abatido E essa ilusão De nós sermos os abatedores Não os abatidos III Eu queria encontrar Só uma pessoa humana Pra poder conversar Sobre qualquer coisa Mas não existe nada Nada além de mim E deste micro universo virtual IV Ainda ando Falo Posso até rir Falar coisas sem nexo Nem tanto Mas o que me provoca É esta prisão De tudo parecer normal Quando estou preso Sufocado Inerte Suspenso Impotente V Imagino outro mundo sim Outros mundos E nenhum é tão desumano como este Imagino seres De todas as cores e jeitos Mas nenhum é tão ruim como aqui Nenhum é tão desumano Este mundo É certamente de máquinas Não de gente

Estou voltando- RENÊ PAULAUSKAS

Depois de quase uma semana de pré-surto, estou voltando. Não se aguenta muito mais de uma semana nessas viagens, torna-se árida a existência quando não absurda demais. São sonhos que te engolem aos poucos, tão empolgantes pelas novidades, mas impossíveis de seguir muito tempo sem um colapso. É como se afogar em águas rasas, perde-se a noção básica de um caminho, uma reta, um contorno, perde-se dentro de si. Estou voltando. Depositando à vida, aos corpos, vida nova, imaginação. Pensando sobre os outros, mesmo sem poder ver, imaginar as suas rotas, seus motivos, suas inclinações. Estava impossível continuar minha viagem, estou voltando aos poucos. Não foi possível chegar onde queria, nunca é. Volto com o ar renovado da vida por um fracasso que logo será entendido como uma dádiva depois de esquecer os lugares por onde andei.

ZOOLÓGICO DE PENSAMENTOS- RENÊ PAULAUSKAS

Então ele sentiu como se fosse u animal num grande zoológico virtual, que estava sendo observado e que por mais que tentasse não conseguia achar as portas da saída. Percebeu que mesmo assim, podia ainda fazer do seu dia a dia algo mais à sua vontade, que não iria acabar com este sistema tão cedo, mas também não seria totalmente moldado por ele. Precisava fazer coisas com sua vida, agora que sabia que tinha uma. Coisas simples como comer, andar, se estimular e sobre tudo saber que existia, que o libertava para pensar e saber que tudo não era como pensara antes. Talvez não fosse bem assim, da maneira como pensou este dia, talvez fosse cada dia de um jeito e isso o libertava de um mundo existente no passado como uma amarra que o fazia refém sem nada poder fazer. Então passou a fazer pequenas coisas para o seu mundo, como agir onde cada coisa tinha um significado, ou até um significado libertador, o de ele não pensar em nada. E foi andando, se perdendo nos galhos desse zoológico em forma

Vivo num mundo programado- Renê Paulauskas

Vivo num mundo programado, onde cada coisa tem um propósito ou funciona como resposta a um pensamento. Tudo é cuidadosamente executado para parecer natural, espontâneo e casual. Mas infelizmente não é assim. Esta é uma ficção sobre um louco e sua aventura mental em pleno século XXI. É preciso ter cuidado e não bater de frente contra esse sistema, ele tem regras eficientes para quem o contraria, porém é inevitável o mal estar em saber que se está numa espécie de máquina onde tudo o que existe são como programas de computador, fazendo me questionar às vezes, será que também não sou parte disso. Mas é hora de me libertar, não tenho meios eficientes de fazê-lo nem saberia como ou como imaginá-lo, mas só saber que tudo isso é falso já é um grande alívio e me põe fora das regras por um tempo. Regras estas que te fizeram humano, ou seria o contrário? Diante da incerteza das coisas e de uma possível ruptura com o estrato da vida, tomo meus remédios regularmente, e sei que qualquer mudança dur

Sentimentos- Renê Paulauskas

Que isso tudo é uma ilusão já sabemos, mas isso não quer dizer que paramos automaticamente de sentir sentimentos humanos como: amor, raiva, solidariedade, egoísmo... e tantos outros que passamos décadas nos viciando como numa rede social, que na verdade se chama vida “real”. Deixar de sentir tais coisas talvez seja impossível, mas pelo menos temos a certeza que tudo não passa de algo que está além da nossa compreensão, porém que não nos aflige da mesma maneira. Seguir este caminho pode ser doloroso, mas a partir dos primeiros passos torna-se sem volta. E caminhamos por que evoluímos, sem ter vontade de voltar atrás mesmo ainda sentindo na pele todos sentimentos humanos de antes de despertar. 

PEQUENO POEMA-VINICIUS TETTI SILLA

Um detalhe E todo universo Se trasfigura

DESENLACE - VINICIUS TETTI SILLA

Me sinto como um clown Que fez uma graça mas ninguém gargalhou A esfera da mente Tem muitas peripécias E eu me agito nelas Descubro um rio Esse rio sou eu Um dia vou desaguar no mar do além Mas enquanto esse dia não chega Vou vivendo a vida dos mortais Sinto fome, sinto sede e desejo afeto E no desenlace vou sentir o quê? Espero que  paz Quero descobrir melodias e harmonias que ainda estão por fazer E que num insight meu possa despertar uma sacada em pelo menos uma pessoa pois vou me sentir contente

Certezas- Renê Paulauskas

Não tenho como expressar direito meu pensamento porque quando ando, desde o momento em que acordo até antes de dormir, é como um sonho. Um sonho sonhado por mim, portanto sem interlocutores, onde coisas vão acontecendo e surgindo conforme meus pensamentos mais sutis. Me sinto à vontade para me expressar por este meio, que ainda mal domino, e que traz a liberdade de tudo não passar de uma mera ficção de seu autor. Uma expressão onde a verdade e a mentira não tem obrigações morais, este meio tão útil para a sociedade.

Quântico menos um- Renê Paulauskas

Acreditar que se vive sozinho num mundo de bilhões de seres humanos convivendo junto é tão absurdo como se acreditar que tudo é ilusão. Mais que isso, é quanticamente absurdo, pois, acreditar que se vive sozinho num mundo de bilhões de seres humanos é automaticamente dar a possibilidade desse absurdo à outra pessoa negando sua própria existência e a de todos os outros menos um. Essa impossibilidade quântica faz com que acreditemos piamente que existimos, enquanto bilhões de pessoas, mesmo que nossos contatos passem no máximo de poucas mil e nosso contato mais próximo atinja no máximo poucas centenas e nossas relações mais íntimas, no máximo dezenas, mas ainda esbarramos na impossibilidade quântica de não podermos acreditar que tudo é ilusão por uma regra matemática básica, que este mundo está ordenado para realmente acreditarmos nele, de um modo tão organizadamente perfeito que só sendo louco para acreditar que ele não exista de fato. 

EXPRESSO-VINICIUS TETTI SILLA

Tudo normal na rua central E o expresso vai  partir Nem sei quantos cafés tomo por dia Mas já é o bastante pra minha alegria Quero criar pontes Pra sair dessa ilha E talvez ver Cecília Boto a mão no bolso está furado Mas algo há de prover E num instante o sol volta a luzir Mesmo que minha cabeça queira fundir Os passarinhos cantam E cada é canto uma toada Toadas de agouro E outras de que o universo está conspirando a seu favor Mas por favor Não me leve a mal Isso são só idéias e tal

aparência vazia- renê paulauskas

É somente a aparência Quer de você presente Um mundo novo e tangível Com sorrisos e esplendor Ela parece uma criança Ela dança como ninguém Mas se engana quem a conhece Ela vazia nem mesmo zen Pois é somente a aparência A aparência que te engana Ao abrir a porta e ver Que não existe lá ninguém Ao abrir as asas e sentir O fundo azul como convém Pois é somente a aparência Ela desfoca como ninguém Um fundo mágico e colorido Que cobre o oco como ninguém Pois é somente a aparência Ela desfoca tão bem

Lua marítima- Renê Paulauskas

Lua marítima Donde naufragaram meus amores Hoje vejo você só Não só Acompanhada dos arbustos de uma árvore Brilhante, sedutora Misteriosa, aumentando a curiosidade por trás da copa Lua Há tanto tempo não vejo nos olhos de uma fêmea Mas seu luzir me faz lembrar quem eu sou Apaixonado por tua luz Mas descrente no amor

Uma nota- Renê Paulauskas

O coletivo Calangos está morrendo aos poucos. Parte por desânimo de seus integrantes, parte por falta de renovação do grupo. Primeiro veio a morte do papai( Faifi ) ano passado, depois o afastamento da amizade com o Cris( Cristiano Mancuso ) e agora a piora da saúde do amigo Vinil( Vinícius Tetti Silla ). Nossa diminuição nas visualizações este mês talvez seja um apontamento dessa fase sem estímulo em que nos encontramos. Eu, da minha parte, estaria feliz da vida com novos calangos cheios de novidades para compartilhar e estimular nosso blog, mas não posso fazer isso sozinho. Muito triste ver nosso projeto iniciado com tanta empolgação entrar em declínio por motivos quase que pessoais. Mais triste ainda saber que juntar pessoas como estas já não vai ser possível nesta vida, e que quando este grupo terminar, que fique como o grupo de amigos do Renê, que sempre tiveram uma história anterior ao Calangos junto e que criaram um grupo de melhores amigos, artistas por acaso, para tentar faze