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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Pombas! - Renê Paulauskas

 Cansado de jogar no lixo tantos corpos de pombas mortas pelo gato do vizinho. Maldito gato! E deixa sempre nos mesmos lugares, já acostumado a matá-las na minha casa.

Então - Renê Paulauskas

 Eu só queria sair um pouco, mas a chuva não deixou. Pensei, não sou feito de açúcar, posso ficar num lugar fechado, ver um pouco de gente, mas a pandemia não deixou. Então fico só em casa, que pelo menos chova, então! 

Mergulho- Renê Paulauskas

 Mergulhai na onda do desatino, verás como é profundo. Driblai a loucura maligna, essa que te acorrenta. Sede são sempre, mas não nega o tesouro que encontrou.

Sofá- Renê Paulauskas

 Domingo, desaguo no sofá junto a chuva lá de fora. Não, amanhã não vou trabalhar. Quando trabalhava era feliz. Primeiro como assistente, depois desenhando tantas caras diferentes. Era a vida. E sobrou isso. O velho sofá.

Trauma- Renê Paulauskas

 O trauma, a ferida encoberta, repousa na tarde de verão. Lusco fusco relaxa meus ombros. Tudo há de passar. E somente a tarde e suas luzes hão de ficar.

Conflito - Renê Paulauskas

 Conflitos, que nos tiram a vóz, quando não nos fazem gritar. Decai o mundo nas nossas costas, traídos e incompreendidos. Aflição na pele que paralisa. Rompimento de acordo por um decreto. Fagulha de desespero engolido. Conflito, algo não resolvido, as vezes nem relatado. Aflito, sumo no mundo, meu mundo escondido.

Sidarta- Renê Paulauskas

 Sidarta, filho do rei, fugiu de seu palácio. Do lado de fora encontrou a fome, a miséria, a dor, física e espiritual. Achou ele na prática da meditação e do desapego o caminho do meio. ''Sidarta, não é possível meditar com fome. Não é possível praticar o desapego quando se falta o básico. Não é possível o equilíbrio quando se está sofrendo de dor.'' Portanto só se consegue o equilíbrio combatendo a fome, a miséria, e as dores físicas e espirituais pra depois, se quiser, meditar. 

Esse cara-Renê Paulauskas

 Da euforia se fez a calmaria. Da violência se fez o repouso. E agora ele era só, pois não haviam mães que se ocupavam dele, já tão crescido, tão cuidado. Ele já não uivava pra lua, ficava dentro de casa. Mas gostava do inusitado, de passear com os amigos, de viver. Mas a ansiedade estava menor. Então compunha menos, escrevia menos, não desenhava mais de um ano. Tudo porque não se angustiava tanto com o não fazer nada. Quase meditava. Ficava calado, pensando pouco, se acalmando já tando calmo. Foi me tragando, mas sempre que podia eu fugia. Pois desconheço esse aí, nem sei do que é capaz!

Olhos do lado de fora- Renê Paulauskas

 Meus olhos estão do lado de fora. A confusão se desfez dentro de mim. Minha aventura agora terá de ser outra. Calmo, atento, agora volto a ser do mundo. Mundo esse que tempos atrás me devorou.