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Mostrando postagens de 2014

O AVENTUREIRO- RENÊ PAULAUSKAS

Um homem, cansado de sua história, de ver sempre as mesmas paisagens e recorrer às mesmas memórias, resolveu deixar tudo para trás e sair de sua terra natal, um pequeno oásis no meio do deserto. Ele andava em meio às dunas, enfrentando o mais terrível deserto, acreditando que o mundo era muito maior do que aquilo. Estava já no segundo dia andando tentando se guiar pelas estrelas rumo ao sul. Tinha água e pães para três dias e três noites. Não duraria muito mais se algo como um milagre não acontecesse. Na noite do terceiro dia, já esgotado e sem mantimentos, sem esperanças deitou no deserto para dormir e não pensar mais em nada. Na madrugada em vigília, viu três homens africanos o levar para outro lugar. Quando acordou de manhã estava num palácio de paredes azul turquesa com fontes por um longo caminho cercado de palmeiras imperiais. Levantou e estava disposto e animado como se não tivesse andado por três dias seguidos, como se alguém ou algo tivesse tirado seu cansaço. Logo vieram d

O Jovem Tímido- Renê Paulauskas

Ele andava com a cabeça levemente inclinada para baixo. Olhava para o chão, mergulhado em pensamentos de sua vida que vinham e iam como ondas do mar. Olhava também para o céu e quando havia lua, essa o compenetrava de um jeito como se levitasse por uns instantes e não sentisse mais seus pés. Renan Era jovem ainda e como todo jovem chamava a atenção e os olhares das moças, que ele quase não percebia sempre entretido em seus pensamentos. Mas quando ficava sabendo de algo, por vezes através de outras línguas, ficava eufórico quando não perdia o controle. Nos encontros era tímido como um ratinho. Olhava o tempo todo para o chão calado e tenso. Após elas irem embora, aos poucos ia voltando ao normal, tomava coragem, ficava mais confiante, querendo de novo encontra-las menos tenso e mais sadio, mas elas já não queriam mais nada com ele. Foi vivendo assim, de timidez em timidez até seu primeiro beijo, já no segundo colegial. Era uma menina tão diferente como ele apesar de serem complet

Um Novo Mundo- RENÊ PAULAUSKAS

Hoje chove e as gotas me separam de sair lá fora. Assim como a falta de juventude, suficientes para tomar um banho de chuva. Assim como os mais novos se separam da mesma vida por estarem ligados aos micro computadores. Este mundo virtual com o qual se relacionam é tão presente como a presença de chuva para mim, tão real quanto, algo que possa molhar. Não sei se talvez pela minha idade, ter crescido num mundo sem essa realidade (virtual), possa discorrer sobre este assunto com alguma crítica ou isenção de valores tão atuais. Toda a diferença entre o virtual e o real está num pequeno detalhe, o da coisa ser ou não transmitida ao vivo ou reproduzida como por um aparelho de computador, como no caso de uma conversa online. O fato é que mesmo no telefone existe uma alteração daquilo, da voz, se caso fosse transmitida ao vivo, e no caso de uma conversa escrita, é colocada em códigos, como eram escritas as cartas antigamente. E sobre uma reportagem, por exemplo, transmitida ao vivo, nunca

A Folha em Branco- Renê Paulauskas

A folha em branco. A folha estava em branco e me relaxava o fato de ser tudo possível e não definido. Agora surgiram as palavras, estas mesmas que insistem em dar relevo, cheiro, tato. Antes era uma nuvem molhada de coisas que estavam por vir, e que poderiam deixar de existir caso desistisse de digitar na sua tela coisas tão inúteis como essas. Minha vida, os próximos meses, os próximos anos, são um enigma para mim. Acabo de fazer trinta e seis anos, mas estou otimista, acho que não vou morrer. Antes acreditei que sim, talvez tenha morrido em parte naquele dia. Mas hoje não. Hoje sou como eu renascido e acreditando na vida mais um pouco, e considerando todas suas facetas impossíveis. De qualquer forma, não vou demorar anos para escrever este texto. Certamente falarei de coisas ao longo de alguns dias, pontuando memórias, reflexões e acasos. Talvez esse não seja o texto com começo, meio e fim que esteja acostumado, mas não sei escrever de outra maneira. O homem se via só. Tão

DISSIPAÇÃO -VINICIUS TETTI SILLA

No inferno é gélido Palidos ficamos E na longa montanha a subir Até nos cansamos Mas quando chegamos ao pico E avistamos o verde vale O frio se dissipa Aquelas visões de fantasmas Evanescem E vamos ao paraíso Comer do fruto proibido Para ter juízo E essa lugar de bonança É na terra mesmo

Tentativa de um autor preso em sua obra- Renê Paulauskas

A vida, não a vida, a vida invertida, escrita, pensada, imaginada, esta limitada e glorificada em paginas escritas, como os sonhos, os poemas, as coisas que fazem nexo, que são lembradas, absurdamente verdadeiras e não menos falsas, esta vida, é a qual mais me motiva, deixando a outra vida, cada vez mais em segundo plano, abandonada, esquecida, como substrato dessa vida formada de palavras. Assim por ela, imagino minha vida invertida, como vida paralela à verdadeira e almejada de outro plano, que não o terrestre, como dizem os físicos, um mundo paralelo quem sabe possível através dum buraco negro. Quem sabe não exista um outro eu neste momento escrevendo e imaginando uma vida como a minha, tão terrena e despropositada que somente um escritor altamente inspirado possa imaginar. Os medos se perderam pela selva em folhas e paisagens repetidas. Agora só restava a fome. O gesto e o afago foste vago, brando, esquecido. Os olhos não viam outra coisa se não o chão. Assim mesmo não se via

Ideias- Renê Paulauskas

São as ideias que movem o mundo. Elas são geradas ou absorvidas por nossos cérebros e modificam nossa química cerebral, às vezes como remédio, outras como droga. Uma ideia pode mudar um homem, para o bem ou para o mal. Pode mudar todo um pensamento de uma época, mudar o mundo. Mas a consciência que este processo se dá através das ideias é mais importante para mim neste momento do que querer provocar qualquer mudança em mim ou fora. Este mecanismo precisa ser estudado. Uma ideia sobre o que é uma ideia Uma ideia pode ser expressa por um símbolo: um desenho, uma escrita, um gesto, mas não é definida por seu símbolo, e sim pelo interpretador de seu símbolo que ao incorporar conteúdo à mensagem lida, define uma ideia ao seu símbolo. Esse processo se dá quase automaticamente, prestando pouca atenção a ele. Para exemplificar, talvez seja mais fácil quando esse processo é consciente, como num trabalho. Para escrever este texto tive uma ideia primeira e depois fui prolongando seus con

O processo da loucura- Renê Paulauskas

O que me incomoda nas obras sobre a loucura é a artificialidade. Do tipo de alguém que faz uma caricatura tosca de algo que não entende. A loucura é antes de tudo um processo. Um processo de adensamento das coisas a um universo. Nunca sabendo se este universo existe de fato ou se é uma inventividade, ele nos engole, de um jeito tão denso que é impossível resistir mais do que uma semana nesse processo. Os universos são variados, mas se complementam, vários lados mesmo mundo, às vezes influenciado por uma simples ideia, que se torna tão verdadeira capaz de engolir tudo como um buraco negro. Digo isso porque sou Bipolar, falo da minha experiência. 

BREU-VINICIUS TETTI SILLA

O sonho não acabou...?: Mas reside numa caverna...@$ Donde bate pouca luz!!! Preciso acender minha lanterna: Pra enxergar nesse breu; E encontrar meus ideais do passado Como mudar o mundo Mas sei que é mudando  um pequeno espaço Que contribuo na revolução?: Não naquela sangrenta; Mas na das mentalidades Contribuo como eu posso; Com essas mal traçadas linhas...?:

A vida rotineira- Renê Paulauskas

O que vem a ser viver a vida? Poucos amigos, família, um trabalho, diversão umas duas vezes por semana... Esse parece o comum do viver a vida, viver numa sociedade que tem essas características individuais, mas que em conjunto, e se vista de longe, parece uma amálgama impenetrável, pelo menos aqui na cidade grande. Quanto menor o espaço cúbico entre as pessoas, maior o desconforto, o estresse. No interior, onde tem menos pessoas, se fala sem receio, sem medo. Isso não quer dizer que lá tenha menos preconceitos, muito pelo contrário, mas a vida fora de casa, do momento em que se pisa na rua, não é motivo para mudar o comportamento ou ter receios, é quase uma extensão da vida doméstica. Nas cidades como São Paulo, só se vive para trabalhar. A cidade é farta de cultura, de coisas pra se passar o tempo, mas inóspita. Não sei se eu é que estou moribundo, ou se esta cidade que me mata aos poucos. 

Miragens- Renê Paulauskas

São os desejos que me prendem nas miragens deste mundo, preciso me afastar dos desejos, para ver e sentir o nada que é verdadeiramente este mundo.

Fundo do mar- Renê Paulauskas

A respiração vai e vem, como as ondas, os pensamentos, uma fina sintonização com o meio. Algo de profundo existe na memória, algo no fundo do mar, em seu silêncio de organismos vivos de um novo mundo mais aparentemente tranquilo. Aparentemente, pois, quando uma lula come um caranguejo, é tão violento quanto.

O Amigo Fiel- Renê Paulauskas

O anjo caído em forma de demônio tinha a missão de junto com seres terrestres persuadir o ser para que nunca despertasse dessa realidade. Eram rostos conhecidos de muito tempo se não desde seu nascimento. Família, amigos, namoradas, todos se encaixavam no mesmo perfil. Então o ser foi até seu amigo e perguntou: “Se você pudesse realizar um desejo, o que pediria?”. Seu amigo o olhou e falou: “Pediria mais saúde”. E saúde foi dada ao seu amigo. Passou um tempo e ele fez de novo a pergunta ao amigo: “Se pudesse realizar um pedido o que pediria?” E ele disse: “Paz pra mim e pra todos” Então o ser pediu para seu amigo que ele deixasse de ser pasmo e fosse verdadeiro com ele. E por mais que ele soubesse de tudo, não poderia jamais contar com a sinceridade daqueles que faziam parte de sua vida já há muito tempo e que tudo, essas ideias, as sensações de viver num mundo falso de realidade duvidosa, começaria a sumir, dando espaço a realidade das coisas, como um conto de fadas que se esquece

DESGASTADO PELO TABACO - VINICIUS TETTI SILLA

Navegantes perdidos Ao sabor do vento Às vezes aparece uma  corrente marítima Nem ao menos sabem se vão dar numa ilha ou continente SOS SOS SOS Se eu pelo menos consertasse minhas velas Elas poderiam me guiar por um caminho mais tranquilo Tenho que tomar cuidado com os redemoinhos e tempestades Ou pior Ser atirado à água Mas pelo menos sei nadar O fôlego que me é desgastado pelo tabaco Vou ter fé Para ir mais além e não para o além

MÚSICA- RENÊ

DESCONECTADO- RENÊ PAULAUSKAS

I O mundo não é Já foi Presos pela liberdade De um mundo irreal Somos todos alvos fáceis Destinos cruéis. II Até onde vai Essa carnificina Que faz de nós o gado Torturado Rompido Abatido E essa ilusão De nós sermos os abatedores Não os abatidos III Eu queria encontrar Só uma pessoa humana Pra poder conversar Sobre qualquer coisa Mas não existe nada Nada além de mim E deste micro universo virtual IV Ainda ando Falo Posso até rir Falar coisas sem nexo Nem tanto Mas o que me provoca É esta prisão De tudo parecer normal Quando estou preso Sufocado Inerte Suspenso Impotente V Imagino outro mundo sim Outros mundos E nenhum é tão desumano como este Imagino seres De todas as cores e jeitos Mas nenhum é tão ruim como aqui Nenhum é tão desumano Este mundo É certamente de máquinas Não de gente

Estou voltando- RENÊ PAULAUSKAS

Depois de quase uma semana de pré-surto, estou voltando. Não se aguenta muito mais de uma semana nessas viagens, torna-se árida a existência quando não absurda demais. São sonhos que te engolem aos poucos, tão empolgantes pelas novidades, mas impossíveis de seguir muito tempo sem um colapso. É como se afogar em águas rasas, perde-se a noção básica de um caminho, uma reta, um contorno, perde-se dentro de si. Estou voltando. Depositando à vida, aos corpos, vida nova, imaginação. Pensando sobre os outros, mesmo sem poder ver, imaginar as suas rotas, seus motivos, suas inclinações. Estava impossível continuar minha viagem, estou voltando aos poucos. Não foi possível chegar onde queria, nunca é. Volto com o ar renovado da vida por um fracasso que logo será entendido como uma dádiva depois de esquecer os lugares por onde andei.

ZOOLÓGICO DE PENSAMENTOS- RENÊ PAULAUSKAS

Então ele sentiu como se fosse u animal num grande zoológico virtual, que estava sendo observado e que por mais que tentasse não conseguia achar as portas da saída. Percebeu que mesmo assim, podia ainda fazer do seu dia a dia algo mais à sua vontade, que não iria acabar com este sistema tão cedo, mas também não seria totalmente moldado por ele. Precisava fazer coisas com sua vida, agora que sabia que tinha uma. Coisas simples como comer, andar, se estimular e sobre tudo saber que existia, que o libertava para pensar e saber que tudo não era como pensara antes. Talvez não fosse bem assim, da maneira como pensou este dia, talvez fosse cada dia de um jeito e isso o libertava de um mundo existente no passado como uma amarra que o fazia refém sem nada poder fazer. Então passou a fazer pequenas coisas para o seu mundo, como agir onde cada coisa tinha um significado, ou até um significado libertador, o de ele não pensar em nada. E foi andando, se perdendo nos galhos desse zoológico em forma

Vivo num mundo programado- Renê Paulauskas

Vivo num mundo programado, onde cada coisa tem um propósito ou funciona como resposta a um pensamento. Tudo é cuidadosamente executado para parecer natural, espontâneo e casual. Mas infelizmente não é assim. Esta é uma ficção sobre um louco e sua aventura mental em pleno século XXI. É preciso ter cuidado e não bater de frente contra esse sistema, ele tem regras eficientes para quem o contraria, porém é inevitável o mal estar em saber que se está numa espécie de máquina onde tudo o que existe são como programas de computador, fazendo me questionar às vezes, será que também não sou parte disso. Mas é hora de me libertar, não tenho meios eficientes de fazê-lo nem saberia como ou como imaginá-lo, mas só saber que tudo isso é falso já é um grande alívio e me põe fora das regras por um tempo. Regras estas que te fizeram humano, ou seria o contrário? Diante da incerteza das coisas e de uma possível ruptura com o estrato da vida, tomo meus remédios regularmente, e sei que qualquer mudança dur

Sentimentos- Renê Paulauskas

Que isso tudo é uma ilusão já sabemos, mas isso não quer dizer que paramos automaticamente de sentir sentimentos humanos como: amor, raiva, solidariedade, egoísmo... e tantos outros que passamos décadas nos viciando como numa rede social, que na verdade se chama vida “real”. Deixar de sentir tais coisas talvez seja impossível, mas pelo menos temos a certeza que tudo não passa de algo que está além da nossa compreensão, porém que não nos aflige da mesma maneira. Seguir este caminho pode ser doloroso, mas a partir dos primeiros passos torna-se sem volta. E caminhamos por que evoluímos, sem ter vontade de voltar atrás mesmo ainda sentindo na pele todos sentimentos humanos de antes de despertar. 

PEQUENO POEMA-VINICIUS TETTI SILLA

Um detalhe E todo universo Se trasfigura

DESENLACE - VINICIUS TETTI SILLA

Me sinto como um clown Que fez uma graça mas ninguém gargalhou A esfera da mente Tem muitas peripécias E eu me agito nelas Descubro um rio Esse rio sou eu Um dia vou desaguar no mar do além Mas enquanto esse dia não chega Vou vivendo a vida dos mortais Sinto fome, sinto sede e desejo afeto E no desenlace vou sentir o quê? Espero que  paz Quero descobrir melodias e harmonias que ainda estão por fazer E que num insight meu possa despertar uma sacada em pelo menos uma pessoa pois vou me sentir contente

Certezas- Renê Paulauskas

Não tenho como expressar direito meu pensamento porque quando ando, desde o momento em que acordo até antes de dormir, é como um sonho. Um sonho sonhado por mim, portanto sem interlocutores, onde coisas vão acontecendo e surgindo conforme meus pensamentos mais sutis. Me sinto à vontade para me expressar por este meio, que ainda mal domino, e que traz a liberdade de tudo não passar de uma mera ficção de seu autor. Uma expressão onde a verdade e a mentira não tem obrigações morais, este meio tão útil para a sociedade.

Quântico menos um- Renê Paulauskas

Acreditar que se vive sozinho num mundo de bilhões de seres humanos convivendo junto é tão absurdo como se acreditar que tudo é ilusão. Mais que isso, é quanticamente absurdo, pois, acreditar que se vive sozinho num mundo de bilhões de seres humanos é automaticamente dar a possibilidade desse absurdo à outra pessoa negando sua própria existência e a de todos os outros menos um. Essa impossibilidade quântica faz com que acreditemos piamente que existimos, enquanto bilhões de pessoas, mesmo que nossos contatos passem no máximo de poucas mil e nosso contato mais próximo atinja no máximo poucas centenas e nossas relações mais íntimas, no máximo dezenas, mas ainda esbarramos na impossibilidade quântica de não podermos acreditar que tudo é ilusão por uma regra matemática básica, que este mundo está ordenado para realmente acreditarmos nele, de um modo tão organizadamente perfeito que só sendo louco para acreditar que ele não exista de fato. 

EXPRESSO-VINICIUS TETTI SILLA

Tudo normal na rua central E o expresso vai  partir Nem sei quantos cafés tomo por dia Mas já é o bastante pra minha alegria Quero criar pontes Pra sair dessa ilha E talvez ver Cecília Boto a mão no bolso está furado Mas algo há de prover E num instante o sol volta a luzir Mesmo que minha cabeça queira fundir Os passarinhos cantam E cada é canto uma toada Toadas de agouro E outras de que o universo está conspirando a seu favor Mas por favor Não me leve a mal Isso são só idéias e tal

aparência vazia- renê paulauskas

É somente a aparência Quer de você presente Um mundo novo e tangível Com sorrisos e esplendor Ela parece uma criança Ela dança como ninguém Mas se engana quem a conhece Ela vazia nem mesmo zen Pois é somente a aparência A aparência que te engana Ao abrir a porta e ver Que não existe lá ninguém Ao abrir as asas e sentir O fundo azul como convém Pois é somente a aparência Ela desfoca como ninguém Um fundo mágico e colorido Que cobre o oco como ninguém Pois é somente a aparência Ela desfoca tão bem

Lua marítima- Renê Paulauskas

Lua marítima Donde naufragaram meus amores Hoje vejo você só Não só Acompanhada dos arbustos de uma árvore Brilhante, sedutora Misteriosa, aumentando a curiosidade por trás da copa Lua Há tanto tempo não vejo nos olhos de uma fêmea Mas seu luzir me faz lembrar quem eu sou Apaixonado por tua luz Mas descrente no amor

Uma nota- Renê Paulauskas

O coletivo Calangos está morrendo aos poucos. Parte por desânimo de seus integrantes, parte por falta de renovação do grupo. Primeiro veio a morte do papai( Faifi ) ano passado, depois o afastamento da amizade com o Cris( Cristiano Mancuso ) e agora a piora da saúde do amigo Vinil( Vinícius Tetti Silla ). Nossa diminuição nas visualizações este mês talvez seja um apontamento dessa fase sem estímulo em que nos encontramos. Eu, da minha parte, estaria feliz da vida com novos calangos cheios de novidades para compartilhar e estimular nosso blog, mas não posso fazer isso sozinho. Muito triste ver nosso projeto iniciado com tanta empolgação entrar em declínio por motivos quase que pessoais. Mais triste ainda saber que juntar pessoas como estas já não vai ser possível nesta vida, e que quando este grupo terminar, que fique como o grupo de amigos do Renê, que sempre tiveram uma história anterior ao Calangos junto e que criaram um grupo de melhores amigos, artistas por acaso, para tentar faze

DESNORMATIZAÇÃO- Renê Paulauskas

Esquizofrênicos, Bipolares, pessoas que sejam taxadas como loucos, anormais, doentes mentais, como a designação oficial, são simplesmente pessoas que conseguiram sair do extrato de normalização deste mundo. De modos particulares temos uma visão de mundo desnormatizada onde o mundo oficializado pelas regras não se encaixa mais. Esse processo é doloroso, às vezes mais, às vezes menos, dependendo de cada caso, mas o fato é que esse processo na maioria dos casos não pode ser entendido como uma doença, já que não tem cura, se encaixa como uma identidade que se carrega pro resto da vida. A constante definição de nossas características pessoais como doença ou adjetivos negativos em forma de xingamentos como: Louco, alienado, faz com que vivamos em constante negação conosco de modo prejudicial. Não defendo aqui a extinção da psiquiatria, que com seus remédios ajudam para que tenhamos uma vida um pouco mais normal, mas a mudança de atitude da sociedade para aceitar nossa presença não como doen

Auto retrato- Renê Paulauskas

Imagem

Tropeços- Renê Paulauskas

Tropeços de dantes Como arremedos De transloucados ensejos A fúria do medo Quer passar

Novos projetos- Renê Paulauskas

Sobre as coisas de como a mente funciona como, por exemplo, o fato de não querermos às vezes o que temos e de quando o perdemos sentimos falta, talvez seja tão óbvio como o comportamento de qualquer animal. Porém, deixar de senti-lo deste modo exigiria um enorme esforço mental do tamanho de um trauma ou algo sobre humano. Deste modo, não sei se valeria a pena uma análise, sabendo da falta de benefício de uma questão dificilmente superada. Assim, deixo de tentar descobrir as origens das trapaças da mente humana, que nos distraem às vezes, como charadas sem resposta, ou questões para especialistas. Deixo de ter uma postura idealista das coisas e me entrego em sua matéria como sujeito entregue ao mundo como ele próprio, sem ideias pré-concebidas. Como mero experimentador me cobrindo mais de experiências do que de confabulações. Faço assim meu dia, saindo daqui um pouco a ter na rotina dos dias futuros, uma postura menos viciada e romântica para uma nova mais breve e científica. Onde o co

Eles e eu- Renê Paulauskas

Eles erram uma vez com você e você tolera, eles erram duas e você releva, eles erram três e você suporta, até que um dia você explode e eles nunca mais te perdoam, nunca mais te escutam, nunca mais te veem como uma pessoa normal. Sociedade hipócrita que não vê os próprios erros e condena tudo o que desagrada sem nem se dar o luxo de questionar. Sociedade de egoístas, injustos e ignorantes, tenho vergonha de estar dentro dela, de ter que conviver com esse bicho que parece tão dócil e é tão ruim. Mesmo eu sou assim, não com todos, mas com aqueles que me desagradam. Miséria humana, falta de compreensão nas massas, e me corrompo um pouco mais a cada dia até não poder mais me ver no espelho. Talvez eu me apegue às pessoas não por acha-las imprescindíveis, mas por deixar de viver a vida, a nova vida e me prenda a elas ou às suas memórias como se fossem fantasmas, bonecas de cera para não me deixar sentir-me sozinho. E volto a elas sem retorno, como um pica-pau a ficar batendo na árvore, uma

Um sonho acordado- Renê Paulauskas

Desde criança vivia num sonho, um sonho acordado, onde tudo parecia etéreo e esfumaçado como uma miragem que não convence o olhar, ou apenas o olhar e não a mente. Tive uma vida, uma realidade e um espírito neste mundo, um amor e uma filha, nada posso reclamar. Aos poucos, após a separação de tudo o que me filiava a este mundo, a antiga sensação de vida como miragem foi cobrindo meu olhar, e sem perceber, já estava desconectado, seguindo as vibrações por onde rondavam meus sentidos antenados como esponjas sedentas de informação. Hoje tomo remédios que controlam para não me desligar novamente. Sinto uma vontade de me desligar o tempo todo, mas não posso aceitar coisas como ser de novo amarrado em uma cama e passar trancado e obrigado a tomar os remédios que já aceitei de toma-los por precaução a tais atos contra mim em vária internações em pronto-socorro psiquiátrico. A todo instante coisas despertam meu interesse como coisas não factuais, mas que fazem sentido talvez num outro mun

Passados presentes- Renê Paulauskas

Nós éramos jovens, por isso existia mais poesia, mesmo que ainda não no papel. Esbarrávamos nela o tempo todo, vivíamos num sonho, um filme escrito por nós. Tudo era fácil, permitido, permitido? Ou será que foi o tempo que fez parecer assim? Ou será que tudo era trágico, como agora? Bem, não sei dizer ao certo, digo como lembro hoje, daquela cor ensolarada, dos caminhos e viagens inesperados, dos sonhos de olhos tão abertos, que se fossem sonhos, seriam frutos a molhar as boc as, braços a trançar os corpos, noites. E muito ar, ar como nunca houve em outro lugar, este mesmo ar que respiro só de lembrar. E eram olhos, olhares, desejos, que nos comiam vivos, calafrios, arrepios. E eram rotas, caminhos que levam ao mar, ao rio, ao luar. E era sem medo, desvario sem jeito, volúpia dos pelos, carinho e prazer, carícia e afeto, prazer mundo incerto, estar vivo e não ser, ser a respiração ofegante, o alvoroço nu e instante, o germe do prazer. E eram noites, tão claras sem estrelas, ou de luas

O Amor- Renê Paulauskas

O Amor Encontrei o segredo da vida Encontrei o amor Numa caixinha escondida Bem abaixo do meu nariz Mas era tão delicada E tão óbvia ao mesmo tempo Que a perdi no segundo momento Desse de que estou aqui Perdido No tempo No vácuo Eu um dia encontrei o segredo da vida Mas me esqueci Desde então estou a procura-la A caixinha azul da felicidade Mas acho que a perdi

Guerra na Síria- não fui eu que escrevi, mas ass. embaixo VERA GUAXU

Não é de hoje que Estados Unidos está forçando uma guerra na Síria para invadir seu petróleo e instalar uma nova guerra, vendendo armas e tendo todo lucro somados. Desde 2007, quando manifestações eclodiram no mundo inteiro contra esse abuso, foi possível retardar a guerra começada oficialmente ontem. Em 2013, foram inúmeras ações dos EUA, de implantarem pretensas armas químicas como pressuposto para invadirem a Síria. Agora, foi o uso da ONU, uma organização de interesses dos mesmos EUA, como pretexto de que a Síria teria cometido crimes contra a humanidade, dando salvo conduto para tropas americanas invadirem um país independente e trucidarem sua população até conseguirem o que querem. As agencia de notícias, caladas não à toa, esperam as novas diretrizes das agencias norte americanas de notícia e propaganda de como será a nova versão dos fatos. Enquanto isso esperamos. Esperamos as versões, os controles, os comandos, até o dia que nos controlem e nos invadam também. Tão bem, como s

LÍRIOS- VINICIUS TETTI SILLA

Enxergar é preciso Navegar não é preciso Olhai os lírios do campo Mesmo que sejam de arquipélagos Mesmo que seja do cume do himalaia Perder o equilíbrio é fácil Difícil mesmo é por a cabeça no lugar Tambores nos deixam em transe E cantos ancestrais também Subindo ou descendo a ladeira Não devemos nos desesperar A resposta está do dentro de você para com todo E não devemos subestimar a inteligência do universo Nem quando estamos envoltos em escuridão O mistério, ah o mistério Queria ter uma fenda pra me deparar com ele E sossegar como se fosse a vista do horizonte Mas o alcance do meu olhar é limitado E se escurece depois de um determinado limiar... Mas, artes, a fé, a filosofia, a ciência me deixam aliviado

Tudo passa- Renê Paulauskas

Tudo passa e voltamos a curtir a vida, as sensações, temperaturas. O mal estar se instala e vai embora depois de algumas noites mal dormidas. Não existe miséria que se aglutine por mais de três dias, três semanas, três meses. Três anos. E isto pode ser como uma cadeia, onde vá envelhecer e deixar a vida do lado de fora por um bom tempo. Podem passar dez anos até que se recupere de um trauma, uma enfermidade, uma doença crônica. Mas tudo passa. Mesmo que não percebamos, passa. Os ouvidos não são mais os mesmos. Os sentidos perderam o sabor. O enredo mudou. Você mudou, e nem percebeu. Agora é uma coisa ainda não entendida, assim como era quando ainda era jovem. Mas é isso que muda. Você não é mais jovem como fora. E ao mesmo tempo que isso lhe faz falta você deixou que se interessar da mesma maneira. Você quer mais desacelerar. A ansiedade é cada vez menor. Os sonhos são cada vez menos extravagantes. Porém é cada vez mais exigente. Intolerante. Percebe que aqueles velhos de cara fecha