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Mostrando postagens de outubro, 2021

Vitrine- Renê Paulauskas

 Vitrine de humanidades: para ser feliz basta estar vivo, para sofrer também. Não há critérios para viver, viva! Mas não se acostume com tudo, ache seu lugar. E um estranho há de vê-lo em seu habitat, dirá: Vitrine de humanos: a felicidade é um privilégio de poucos.

Morder- Renê Paulauskas

 Quero morder, mas quando mordo sangra. Gosto intragável dentro da garganta. Cicatrizes, dores de dentro e de fora. Inevitável força de fraqueza!

Cair da ficha- Renê Paulauskas

 Só agora caiu a ficha: ''Tô sozinho no mundo''. E por mais que isso tenha um peso, me alivia de não precisar estar com quem eu não gosto. Posso ser eu mesmo o tempo todo. E nada me impede de me relacionar com quem eu gosto. E de ficar de olhos abertos, que nem sempre as pessoas são aquilo que parecem. E confiar no destino, que sem isso nada vale.

Crônica 1-Renê Paulauskas

 Acabei de compor uma música no chuveiro, mas quando gravei e ouvi a gravação me assustei com minha voz. Definitivamente não sou cantor. Na TV ligada estava o João Bosco contando como conheceu Gilberto Gil na casa do Vinicius de Morais, desliguei. A nata, sempre ela em todos os lugares! Quase liguei o computador para ver um filme pornô, mas seria vazio demais. Então me refugiei nesse blogue abandonado.

Novo- Renê Paulauskas

 Do fim do casamento nasceu meu gênio estourado. Do temperamento normal passei à tolerância zero. Hoje me equilibro graças a remédios fortíssimos. Mas voltei a ter uma vida. Volto a pensar no futuro. A escolher meu presente. Tudo está errado mas tudo tem conserto. Não o casamento, nem os amigos errados. As novas escolhas.

Jaula- Renê Paulauskas

 E prometeram ao primata: ''Você ficará protegido dos seus predadores. Terá comida e bebida sempre à disposição. Não precisará mais caçar ou coletar como seus ancestrais. Terá tempo livre para fazer o que quiser a hora que quiser. Caso queira o ócio, ninguém o obrigará do contrário''. E foi assim que o macaco aceitou sua jaula.

Minha queda- Renê Paulauskas

 Minha queda foi depois de tentar evitar todas aquelas pessoas, por seus defeitos, foi perceber que todas eram humanas. Foi conversar com uma mulher acompanhada sem perder o encanto apesar da companhia de seu namorado. Foi ouvir, mais sentir do que dizer. Assim eu fui me acomodando também naquela forma humana. Minhas asas foram se desfazendo. Era eu imperfeito e com saúde. Quando voltei pra casa, depois de dormir algumas horas, uma tremenda ressaca. Mas ainda me sentia ligado àquelas pessoas.

Brasis- Renê Paulauskas

 Tem dois Brasis no Brasil. Um que entrou na universidade Federal, que estudou nos melhores colégios, conseguiu trabalho na sua área e antes de entrar pode sonhar. O outro está fora dos interesses dos governos, passa fome. Está longe dos projetos das cidades. Tem problema de habitação, saúde, educação, transporte, trabalho. É o Brasil esquecido. Que foi obrigado a continuar trabalhando na pandemia. Que pega o ônibus lotado quase todos os dias. E quando vai se divertir não tem mais medo de não usar máscara. Que mais morre nas estatísticas. Que ouve um pagode alto. Que dança, bebe e estravaza. Que sonha um mundo melhor dentro dessa bolha. Bolha sufocada pelos grandes centros onde estudantes repetem que aquele barulho distante é reflexo da indústria cultural de massa. 

Reflexos pandemicos-Renê Paulauskas

 Vejo amigos que depois do vírus se acostumaram a não sair mais de casa para ver mais ninguém. Pessoas que tinham vida social agora morrem de medo de sair de casa, mesmo com a situação mais controlada. Uma amiga outro disse ter se acostumado a ficar sozinha em casa. Nada contra curtir a casa sozinho, mas se é por medo de sair de casa, isso é um problema. E digo mais, um problema de saúde pública. Milhares de pessoas estão nessa situação. Que trabalho fazer para ajudá-las para voltarem ao normal é algo que precisa ser pensado. Essa pandemia foi um trauma pra muita gente. Vi um filme espanhol que um homem passou anos escondido em um buraco durante a guerra. Quando acabou a guerra ele não sentia mais segurança para sair do buraco. Foram anos até que sentisse coragem para pisar na rua novamente. O que está acontecendo com a pandemia é muito sério. Acredito que mesmo com a situação totalmente estável terão milhares de pessoas "acostumadas" a não mais sair.