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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Seus Olhos- Renê Paulauskas

Caminhava olhando para o chão, acreditando ter que fazer pegadas desenhando coordenadas, como se essas definissem os próximos passos de sua trajetória. Assim, caminhava até o bar. Lá era um homem normal, ninguém sabia de seu problema ou pouco se importavam. Em algumas ocasiões se descontrolava eufórico, coisa que incomodava seus colegas de copo, mas nada que ao se desculpar não fosse aceito em seu grupo. O engraçado é que ao contrário do que ele imaginava que, nessas crises de euforia, que fora aceito como um homem valente, forte, vigoroso e na sua fantasia até temido. Também se achava irresistível e mais atraente para as mulheres do que de fato era. Tinha um ego fenomenal. Fazia fantasias inteiras com mulheres que tinha tido pouquíssimos contatos de uma maneira que lhe cobriam o vazio de falta de relações humanas de modo que tudo o que imaginava era irrepreensivelmente maior do que a coisa em si. E desse modo se tornara um exagerado, não de dar ênfase de modo a trazer pra si at

Neste labirinto- Renê Paulauskas

Neste labirinto olho pro espelho Nada digo nem convêm Estou preso neste mundo Neste mundo e muito além Solto frases de passagem Nada faço que convença Só no mundo e mesmo fraco Fraco até pra dizer adeus Que seriam de outros mundos Outros sonhos, outros eu Que seria desse mundo Sem eu Mas só sonho Se pudesse furar o mundo Furaria com uma espada Só não sei sair daqui

O homem olhou no espelho- Renê Paulauskas

O homem olhou no espelho E viu o menino puxar sua gravata Era um muro sem meio Era um buraco no ar Desesperado em sua mala Provocou a ira do desejo Pulou o campo proibido Foi ao seu desconhecido Só sabe o que ali se deu Quem pulou o tal muro Ou nunca se perdeu 

Organização caótica

Quem diria que fosse assim Nascer do beijo o convívio E do convívio a separação Brotar no umbigo a flor da razão E deste modo tão incerto de uma ordem tão desordenada Depois do choro Toda certeza constatada A felicidade E com ela Toda incerteza do mundo 

Exauridos olhos

Quem dera avida fosse outra coisa além de meus olhos Estes só apanham peças que fazem sempre o mesmo desenho Tão perdido em si ou nos outros que nada pode saber Quem sabe este ser pudesse ser outra coisa Talvez pudesse nascer de novo, mas estes olhos, tão viciados, tão carregados