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Mostrando postagens de novembro, 2023

Ele- Renê Paulauskas

 Ele andava hora olhando pro chão, hora pro céu, e achava graça nas pombas e seu jeito mímico de andar. Era tímido, guardava o mundo pra si. Falava pouco, era um bom ouvinte, mas ficava irritado com pessoas que falavam demais. Mesmo assim, tinha com seus poucos amigos, uma grande dedicação. Com um amigo, conheceu uma garota. Ela era punk. Se encontraram algumas vezes até começarem a namorar. Ele dava vazão a um espírito novo de aventura onde iam. Ela era baixista e quando não estavam em shows estavam namorando em lugares proibidos. Foi ficando corajoso, mas ainda com traços de timidez.  Passaram um ano entre viagens, shows e sem esperar, ficaram grávidos. Para ele foi de longe o dia mais feliz de sua vida, para ela, nem tanto. Mesmo assim juntaram as trouxas e foram morar juntos.  O bebê nasceu, ou melhor, a bebê. E o casal começou a dar sinal de suas primeiras falhas. Ciúmes excessivo por parte dela e perderam a casa onde moravam. Já em outra casa, ele cuidava de tudo. Acordava bem ce

Vida- Renê Paulauskas

 Hoje senti uma coisa que a muito tempo não balbuciava: "Tá valendo a pena viver a vida!". A filhota estudando, a irmã trabalhando, eu desenhando... Mãe e avó se dando bem... Até a tia virou advogada...  Os amigos também. Os melhores outsaiders do planeta. Gente talentosa, que faz as coisas com amor. Seja na economia solidária, na sociologia, nas artes, no meio ambiente ou na aldeia. Hoje consigo enxergar um novo mundo, porque ele está dentro de mim. Tarefa nossa continuar germinando e adubando esse solo. Pra que nasçam novos frutos para o jardim.  Até o governo está reconstruindo o Brasil, mais um motivo pra ficar otimista. Tudo na direção certa. Quem sabe esse povo não volte a ser o povo mais feliz do mundo...  Quem sabe as guerras cessem... A gente consiga controlar o super aquecimento global... Diminuam as desigualdades... Não exista mais fome... São sonhos, que não existem sem utopias, algo que valha por que lutar. Sem isso, sem isso, nada vale a pena. Pouco vale estar v

Fim?- Renê Paulauskas

 O mundo trocou o afeto por curtidas. As pessoas agem como se só elas existissem, pouco importa o outro, lembrem de mim.  Criamos uma sociedade de psicopatas mimados. Ninguém mais quer um mundo melhor, não se for depender do meu sacrifício. Em troca, todos querem sucesso individual. Como isso pode dar certo?! As redes sociais deixaram o planeta solitário e despreparado. Jovens hoje não sabem o valor de uma amizade, preferem se comunicar com suas redes, formadas por gente tão solitária e despreparada pra viver no mundo como eles próprios. Mas já tá todo mundo viciado, o estrago já tá feito. Posso estar sendo pessimista demais, mas acho que acabamos de entrar no fim da humanidade, pelo menos se tivermos como referência o que ela já foi.

Bolhas- Renê Paulauskas

 Bolhas. Bolhas que não abrem, bolhas. Pela qual se protege. Bolha, como a bolsa uterina onde podes sonhar. Pra que não sintas a acidez do mundo de fora. Te protege em teu casulo eterno, pouco importando se vais ou não um dia voar. Te esconde com só seus deletos, pra caminhar nesta bolha, eterna bolha.

Calangos- Renê Paulauskas

 Neste dia de finados, rememoro dois dos maiores deste ColetivoCalangos, meu grande amigo, Vinícius Sila e meu pai, Faifi. Que estejam bem, onde estiverem. Saúdo-os. Vivam, Calangos!

Algo- Renê Paulauskas

 Sim, existe algo de espiritual nas coisas. Algo que dá sentido e norteia o caminhar das coisas. Que é tão visível para uns como invisível para outros. Algo que se pode sentir mas não provar sua existência. Algo metafísico para uns, irreal para outros. Algo, até já explicado pela psicologia ou sugerido pela etologia, algo que faz sentido. Algo só alcançado por aqueles que depois de alcançar, são chamados de loucos. Mas é algo tão forte que ao chegar perto, desnortea. Faz como insetos que ao tocar sucessivas vezes a lâmpada incandescente ficam queimados. Passamos a tomar remédios psiquiátricos para controlar os impulsos latentes, tão fortes, depois de um surto. Surtos esses que são capazes de destruir a mente de uma pessoa em poucos anos. Então nos resignamos e por não sermos tão fortes para abarcar a luz, preferirmos ter uma vida normal. Há muitas coisas inexplicáveis neste mundo. Há quem tenha visto tais coisas e sem poder prová-las, segue agnóstico. Há quem seja agnóstico sem nada ac