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Mostrando postagens de maio, 2023

Flores- Renê Paulauskas

 Percebi que aquele tipo de gente não tinha nada a ver comigo. A ninfomaníaca que reparava mais no tipo de cueca do que na relação, a colega que se recusava a entrar na minha casa por medo da goteira na entrada, e mais do mesmo. Vi que fui amado, por outras dezenas de vezes, que nem sempre soube aproveitar. Que hoje tenho mais preguiça do que antes, menos anseio, mas que ainda estou vivo. Que as amizades são mais importantes, pelo menos pra mim. Que não suporto ser cobrado, mesmo que tenham razão. Que já fui indelicado muitas vezes, mas sempre preso pela delicadeza. Ainda vejo flores onde quase ninguém vê, isso me distrai.

A fada (conto) - Renê Paulauskas

 É domingo. O último raio de sol desaparece do horizonte como se fosse a última luz antes de segunda feira. Mais um dia de trabalho forçado naquela empresa de tele marketing. Até quarta feira, trabalho pesado sem muito pensar. Quinta começa a se animar. Sexta explode! Bebe todas, fica com gente que nunca viu na vida, só pra se sentir mais vivo. Sábado está de ressaca, mas dá uma volta pela cidade, não muito longe, o dinheiro tá curto e já gastou quase tudo da semana no dia anterior. Domingo liga a TV, e  fica lá, esperando mais um domingo passar entre os programas que já sabe de cor.       Até uma fada bater em sua janela. Achou que fosse um inseto, quando olhou pro chão, lá estava, desorientada pelo impacto. A achou estranha, mais cinzenta do que poderia imaginar, mas ainda sim, tinha asas e um pequeno corpo humano, se é que poderia chama-la assim. Mas logo fugiu do quintal. Na segunda, quando chegou no trabalho, do click do ponto ao primeiro bom dia sentiu os sons ecoando em harmonia

No teatro (micro-conto) - Renê Paulauskas

 Primeiro veio ela passando por cima de mim entre as cadeiras e sentou do meu lado. Eu disse que o lugar estava reservado para meu marido, ela sorriu e pulou um lugar. Em seguida veio ele, lá dá ponta, se espremendo entre a plateia até chegar em mim e dar um beijo em mim e nela. Não entendi nada! Quem era aquela garota, trinta anos mais jovem que a gente? De cabelo tingido de loiro, magra, mas jovem, do lado do meu marido... Tentei disfarçar o meu nervosismo e logo ele foi chamado pra receber o premio. Durante o discurso fiquei pensando na moça, até me concentrar na parte em que ele dizia como lutamos juntos contra a ditadura no Uruguai, dali em diante, esqueci totalmente a garota, as cadeiras e estava com ele novamente naqueles dias de juventude contra os militares, nos escondendo em aparelhos que todo momento mudavam de lugar. Em como, com toda perseguição fomos felizes lutando por algo que realmente acreditávamos. Ele voltou sorrindo do palco, eu olhei nos olhos dele cheios de lágri

O mal da humanidade - Renê Paulauskas

 O colonialismo do século XIX e XX fizeram eclodir a primeira e consequentemente a segunda guerra mundial. Nesse processo estão envolvidas as nações mais ricas que enriqueceram explorando países da África, Ásia e América Latina. O capitalismo parece ser o grande mal da humanidade, pois impossibilita a distribuição de riqueza, pelo contrário, acumula em uma fração irrisória que mantém todo poder sobre o planeta. Políticas de Estado de bem estar social e redistribuição de renda como taxar as grandes fortunas são essenciais para tentar minimizar as grandes desigualdades criadas por esse sistema.  Estudos demonstram que o excesso de dinheiro faz mal, enquanto a maior parte do mundo neo colonizada é explorada e recebe menos do que o necessário para suas necessidades básicas. Não é difícil pensar qual o caminho, é preciso coragem!