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Mostrando postagens de julho, 2014

AMIGOS- RENÊ PAULAUSKAS

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AOS ANÔNIMOS- RENÊ PAULAUSKAS

Aos anônimos A tua poesia não foi lida Decifraram os seus ossos Sem darem vazão ao teu olhar Inscreveram-te num número Deram-lhe roupa e comida Fizeste sua loucura Incomodaste com seu silêncio Mas não acreditaram em ti Veste tua roupa rota e parte Pois nunca escreveste pros homens Não tiveste mesmo vontade de estar aqui Caminhava nas nuvens de breves contos Filiava-se por uma filosofia mal escrita Por poemas de arroubo e solidão Foste o maior cidadão de seu mundo O maior criador de planetas E nesse mundo vazio Só veio espiar Vaza daqui! Volta pra Oriom! Ninguém nunca te quis Vai encher o saco de outros Volta pra Marte óh poetinha de merda!

BUENO LECHE-VINICIUS TETTI SILLA

Demasiado perto porém muito aquém De alguém que me alegra Pra essa festa de desdém Migalhas são jogadas aos pombos E eles bicam contentes E a semente de um dia assaz Me refaz dessa ressaca Já saí; Agora o que me resta é formigar Tenho um lar onde as musas inspiradoras não estão me acalentando Mas vou beber o bueno leche Na praça da bandeira Um homem inquieto resmunga trocadilhos E o infinito está aberto Para quem pegar o trem Cruzes nas calçadas Estão espalhadas ao vento ao leo Sinto compaixão mas não sou onipresente Então ando a me esgueirar pelas trepadeiras reguladas Vem meu bem, me ame Ponha açúcar mascavo; não aspartame

DESILUSÃO E ALÍVIO- RENÊ PAULAUSKAS

Desilusão e alívio I Sozinho Como sempre Acompanhado de tudo II Fiz minha última tentativa de amor E essa palavra Na verdade sempre me pareceu brega Precocemente III Esta tudo bem Os móveis instalados A cama no lugar E ainda tem o sofá IV Agora que já passou o calor Sinto-me renovado Sentia-me numa novela mexicana V Como é bom ser ateu!

NA ESPERA- RENÊ PAULAUSKAS

NA ESPERA I Agradeço ao que não vês Puseste-te naquele segundo Jaz em meu cruzamento A candura dos teus olhos II Ainda é cedo Pra tanta coisa Mas já é tarde Pra fazer amor A noite já começou III Te conheço tão pouco E a tão breve tempo Mas me faz sentir num mundo De outros carnavais IV Mulher me diz O que é aquela flor Que só vejo Quando fecho os olhos V Chega logo A espera é como um rio Logo se enche Não passaras

LARA CROFT-VINICIUS TETTI SILLA

Antes era fliperama Agora playstation 4 x box sei lá da que Aventura que aguça o raciocínio E sem sair de frente do micro Te faz viajar o mundo Já fui Lara Croft e também o aviãozinho do river raid Agora deixei de lado mas quero repensar Afinal ser criança e jogar também é lúdico Passar as fases e evitar o game over... Já estive no egito antigo no império asteca e até em outras galáxias Sem dar um passo apertando botões Sou do tempo do cp 200 que se carregava os games com fita k7 Hoje é blue ray and so far away Reflexo ninja é preciso Curiosidade: necessária... Mas tudo termina na metáfora da jogada...

MALDITO-VINICIUS TETTI SILLA

Abordando a semântica Faço palavras serpentearem O azul não me satisfaz Prefiro o salmão Refletindo sobre o acaso Me vem o Maldito destino Onde tem um roteiro definido Mas que não é idílio O  destino é uma ilusão Pois o presente o define E só dando um palpite Flor de azeviche Andando pelas ruas Encontro pessoas mil Uns emburrados Outros descontraídos Mas não é só isso Tem aquela pessoa que te espera n´algum lugar Para abrir seus horizontes E ir para belô

PÁSSARO PROIBIDO-VINICIUS TETTI SILLA

Reesquematizando o sistema O pássaro proibido vai poder  voar E o céu carregado desanuviar E tudo ficará mais claro Como fonte no abstrato Bárbaros serão anulados E os fantasmas não nos peturbarão Clowns desfilaram pelas alamedas Como raros cometas Que correm como carrapetas Excluindo as escopetas das trevas Pois a vida há de ser aventura breve numa efemeridade Em qualquer lugar da cidade Não há mais dúvida A praça vai ser sua

POEMAS INSPIRADOS- RENÊ PAULAUSKAS

POEMAS INSPIRADOS I Quem dera não viver de gente Não viver de pressa Ser somente E semente Folha E toda gente Sem nem saber Quem dera II Fui num sonho sem títulos Foi só pra descansar E acordar inspirado Cheio de ar Foi somente um sonho Sem nada lembrar Eis que existe esse sonho Alguém há de lembrar III Tanto sonho batido Tanto ar sem respirar E eu nesse barco partido Viajando ralo sem naufragar Enquanto os peixes são só peixes E viajam fundo em seu sonhar IV Amélia me disse o seu poema Fiquei com raiva Saí correndo Como pode ser Amélia poeta Com tanta louça pra se lavar V Triste o fim daquele moço Tão tolo Arisco Somente cabe em seu bolço Tanto ódio

POEMAS SEM INSPIRAÇÃO- RENÊ PAULAUSKAS

POEMAS SEM INSPIRAÇÃO I Os poemas hoje Naufragam sem esperar Desistem somente Mergulham Se escondem Por uma película intransponível Por um azul obscuro Sedentos Fugidos Procurando a esmo O que não posso explicar II Hoje não se tem mais nada o que dizer A não ser dentro dos sapatos Ou no meio das paredes III Quisera ser o sorvete Da menininha A me espalhar por entre os dedos Borrar a roupa engomada Me dissolver numa calçada Quisera IV Me perco com as palavras como se fizesse parte de um computador Arrodeado de espelhos sem poder ver além Submerso em um poema Querendo ar V De repente escrevendo Esbarrei numa ponta de sonho Como se arrastasse um outro tempo Que se desfez em espanto

SOLIDÃO -VINICIUS TETTI SILLA

Azulejado paredes do Contendo festivais Pois ainda há chuva Subindo pela parede Como um animal desbaratado Que entrar na dança Mas preciso labutar Na minha cabeça turbilhões E um sentimento de solidão Mesmo que eu me comunique Ainda faltam as estradas abertas

FÊNIX-VINICIUS TETTI SILLA

Ele desesperadamente cachimbava; por entre os indigentes se metia-seres renegados pela sociedade que acumula. A paranoia subia-lhe a cabeça, e num estalo estava no céu, ilusão efêmera- pois num instante já estava na fissura de dar mais uma paulada. Quando avisavam "Lá vem a loira" era o código de que a polícia estava perto. Até que os policiais eram tolerantes, às vezes pegavam alguém com uma pedra e nada faziam; mas se fosse traficante... Muitos indigentes já tiveram família, entretanto de tanto aprontarem foram parar no meio da rua, outros já nasceram na barriga da miséria, quase...sem oportunidade. Tinha muita treta; eram desconfiados de tudo. Se mexeram nos seus pertences, se lhe roubaram uma rocha. Mas eram como anjos caídos à espera de uma mão que os levantasse. Ou que dessem a volta por cima... Tinha treze anos um rapaz chamado marco. Começou fumar crack aos 11 e já estava totalmente envolto na névoa dela. Vivia pedindo dinheiro para os passantes; até fazia uns fu

LANTEJOULAS-VINCIUS TETTI SILLA

Na nascente da minha alma Brota uma colombina E eu estou extasiado Com esse perfume safado O meu eu lírico implora um amor Que seja sem terror Abajures iluminam um canto da minha mente E penso no canto dos meus ancestrais Fazendo versos de improviso Barquinhos navegam ao longe Indo pra depois do horizonte Lantejoulas brilham na sua festa Mesmo que seja besteira Eu quero ir à minha maneira Pois que seja assim Um eterno idílio Pra eu me exilar dentro de mim

NASCENTE- VINICIUS TETTI SILLA

De volta pra casa Vou formigar E subir a escada Pra qualquer lugar Uma ponte pro Além de agora Pra contar alguma coisa aí por fora De uma nascente que começa a brotar Uma água que precisa ser despoluída Mas que ainda tem muita coisa bonita Numa esquina qualquer Encontro uma garota Que me sorri E meu mundo desvanece E meu coração já não mais padece

TALVEZ- RENÊ PAULAUSKAS

Talvez estivesse ceifando o vento Cobrindo o nada de pétalas Criando tapetes Rios Onde não se pode nadar Até abrir a cratera Donde a miséria é rala E possui odor Talvez fosse a febre A rouquidão no ar amargo Azedo Talvez fosse uma luz Um brilho Uma paixão Ou meus poemas sejam só palavras de um poeta mudo

HARMONIAS-VINICIUS TETTI SILLA

Aprendendo a nadar Me debato por entre tubarões Me esquivo da ceifa E vou na levada de um samba Que não tem parada Caminho sem volta Andando um pouco em círculos Pra chegar no cume da montanha E enxergar o horizonte mais longiquo A rosa está na minha mão Mas é apenas um botão Que rego com carinho Pra voltar ao ninho Onde deixei uma orquídea Não quero a cruz e sim o céu de alvorada cor salmão Me projeto no espelho E vejo uma figura fugidia Querendo alcançar um turbilhão de harmonias

DETALHE- VINICIUS TETTI SILLA

Acordo mais um dia na penha. O silêncio é ensurdecedor; chego na padaria e o dono me dá bom dia-só isso me deixa contente. Tomo meu café com leite e um pão com manteiga na chapa. Peço um copo d´água e o dono diz que ele vai pegar: melhor não contrariar. Barriga cheia saio pra comprar cigarro e uma senhora me pede um cigarro, arrumo claro, ela pergunta se moro na favela, digo que não e ela me diz seca: eu moro como se quisesse demarcar território: respeito. Há muitas possibilidades pra esse dia, sinto muitas saudades dos amigos, então acho que hoje vou visitá-los. Jogar uma conversa fora, afinar-se com o mundo, correr atrás dos meus sonhos como isso que estou fazendo agora: escrevendo este texto simples, porém que reflete o que estou sentindo na alma. Hoje não tem jogo: graças a deus pois isso aliena; ainda mais com os gastos que tiveram pra arquitetar essa copa e tanta corrupção que saibo que existe. Um dia pensei: um detalhe e o mundo se transfigura. Espero que esse detalhe ocorr

OBRA-VINICIUS TETTI SILLA

Caminhava numa noite escura. O luar era tão claro que parecia que o sol iria raiar àquela hora. Crianças brincavam nos quintais com a pureza de uma cachoeira. O seres, uns loucos outros sãos desfilavam pelas ruas do mundo; mundo cujo esse não devia ter fronteiras; numa serra distante:  tocava uma viola um caboclo. E aquele momento era atemporal. Uma mulher tem muitas astúcias e era bronzeada que até parecia ouro. Vestida com um vestido salmão, fazia os anjos cantarem. Borboletas voavam se esquivando de colecionadores. E os sinos badalavam por um pobre homem. As moscas rodeavam o lixo atraídas pelo cheiro. Como num samba de uma nobreza singela: homens faziam versos e tocavam seus instrumentos iluminando a cidade que embora fosse muito grande ressoavam os sons. Num cemitério num bairro qualquer jazia um homem que deixou uma grande obra; onde devia estar agora: era o grande mistério. Deus fitava os mortais com um ar generoso e ria das trapalhada dos seres como um humorista. A vida é u

CASA NOVA- VINICIUS TETTI SILLA

Trepadeiras sobem ao relento Com isso me contento E a flor que nasce lá fora É por que fui embora Casa nova vida também É para ir mais além Sem desdem De um porvir mais alegre Porque agora me entristece

MOMENTO DE PERCEPÇÃO- RENÊ PAULAUSKAS

Meu defeito é claro E sincero Olho os defeitos do mundo Enquanto todos Estão cegos Sigo tão pobre De olhos ricos Tão nobre De ser assim Que vivo sozinho Nesse mundo Acompanhado de corpos Que nada dizem Nada vivem Nada veem E tão pobre me disfarço Perseguido por todo lado Daqueles que tem certeza Que tem ciência Vivem com clareza Decidem sua vida Enquanto decidem por eles A sina 

SAÍDA ESTRATÉGICA - VINICIUS TETTI SILLA

Num quarto de pensão Começo uma nova caminhada Meio confuso depois de uma saída estratégica Espero arrumar minha cabeça pra que amanheça nesse momento lutei com o que não podia encarar E agora tenho esperanças De abrir os meus caminhos Para que possa crescer E aparecer em qualquer lugar
Sendo tudo diferente Por que é a gente Não altera a mente Fazendo arte Ou constelação de edifícios Que caiba na palma da mão Mesmo que tudo vá acabar um dia Viva hoje essa utopia De fazer magia Em qualquer esquina ou elevação Sendo fácil subir a ladeira Então deixa de besteira E me dê a mão Embora não seja festa de São João Aqui mesmo com paixão E dance no meio da multidão