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Mostrando postagens de julho, 2024

Anônimo (poema) - Renê Paulauskas

Não vim pra esse mundo Fazer sucesso Mudar o mundo Nem muito dinheiro  Vim pra cá Descansar No meio da catástrofe da vida Pra quando eu voltar Ter sabido como é ser assim Um mundo de sonhos  Anônimo 

Pés brancos (poema)- Renê Paulauskas

Morte Só vejo a morte chegando Subindo a serra Com seus pés brancos descalços Quem dera já estivesse aqui Poderia partir E recomeçar  Mas sinto sua presença  Ainda longe Mas presente Um ponto certo a me entregar Mas não hoje Por enquanto  Procuro vida embaixo das pedras Atrás dos móveis  E me escondo  Num espelho maldito  Que tudo sabe Sem nada dizer.

Tédio (poema)- Renê Paulauskas

Óh, hora maldita! Hora que não passa! Tua engrenagem de segundos está travada Dessa locomotiva vã que é o mundo sem paisagens Quero engolir tudo ao meu redor Todos os sinos Todos os sois e luas E caminhos ainda novos Mas quando chego cansado No dia seguinte Lá estou eu à engrenagem engasgar.

Matriz (poema)- Renê Paulauskas

Os gênios Os medíocres Os vassalos Os revoltosos Todos eles bons Todos eles ruins Quisera o mundo  Não fosse a matriz De todas as almas Encarnadas Quisesse um dia só  De puro brilho de liberdade Não seria o jegue levando no lombo Não seria o negro falado e mal visto  Seria um mundo novo Mas é mesmo falso este mundo O que nos impõe  É tamanho De crueldade  E vileza  Tamanha a natureza  De tal desplante  Rompendo a pureza Olhos da carne Gritando por nós Mas o bicho homem Sem nenhuma voz.