Gaivota-Renê Paulauskas
Gaivota,
Voa distante, voa! Bem longe daqui. Que na cidade, as pombas
se alimentam dos restos dos mortais. Dos transeuntes solitários, que figuram
somente como imagens amontoadas, de vida, de sonho e de mar.
Que seu céu é menos ambíguo e veloz, sem o delírio do sonho.
Que passa a vida sem se perder no labirinto mental dos homens, que dilaceram-se
pelados, aparentemente sem nada os machucar.
Percorre o caminho mais rápido! Define seu ponto de fuga! Se
alimenta dos mares mais limpos e distantes! Mas não deixo de pronunciar sua
fraqueza. Que às vezes, se perder no caminho, é a grande beleza.
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