Os gatos (mini-conto)- Renê Paulauskas
Os gatos dos vizinhos existem desde a época da nossa gata, Nina, que foi recolhida da rua pelo meu pai e minha irmã na casa do papai e trazida pra nossa casa quando minha irmã e a pequena gata preta ainda eram crianças.
Lembro que quando Nina cresceu um pouco e entrou no cio, fazia aqueles barulhos agudos e estava sempre pronta pra passear nos telhados, daqui ou dos vizinhos, que minha irmã não deixava, trancando-a a portas fechadas dentro de casa.
Até um dia que Nina ficou grávida e nasceram três gatinhos que cresceram livres de telhado a telhado até sabe lá onde. Só nossa gata ficou.
Minha irmã cresceu, saiu de casa, e nós ficamos com a Nina, que cuidava da casa e da intenção de invasão dos outros gatos dos vizinhos. Viveu até seus quase vinte anos.
Foi aí, que os outros gatos, vendo a casa vazia, ou melhor, sem a Nina, começaram o ocupar o jardim da casa, e quando davam com nossa presença, saiam sorrateiramente. Essa relação não muito amigável entre os gatos e nós resultaram em uma desgastante interação com eles.
Um deles, o alaranjado de listras, mata pombas até hoje e as deixa no quintal. Outros fazem cocô no canteiro. Difícil ter um bom relacionamento assim. Quando nos vêem, fogem pra casa de seus donos com medo de alguma coisa. Esses gatos não são e nunca foram nossos, porém convivemos com eles já há anos. Acredito que eles vêem a gente como um desconforto enquanto estão a se espreguiçar no nosso jardim ou no telhado, e prefeririam que a casa fosse só deles, e talvez ainda esperem, que um dia tenha-mos ido embora com todas as portas e janelas abertas para que eles ocupem de vez a casa, não tendo mais o desgaste de nos ver. Enquanto isso não acontece, vamos vivendo da melhor maneira possível, sem importuna-los, recolhendo as pombas mortas e seus cocôs como presentes de grego. Afinal seres humanos e gatos convivem há milênios.
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