Sair sem avisar - Renê Paulauskas

 Ontem saí sem avisar. De cara um homem invocou comigo exigindo que eu pedisse licença para andar no ônibus lotado. Estava correndo para pegar carona com uma amiga saindo do trabalho, mas quando chego lá ela me diz que a kombi não pode dar carona, que eu teria que ir de ônibus. Entro no ônibus, nem cobrador nem motorista conheciam onde teria que descer. Uma moça com o namorado ao lado diz que também desceria lá. Agradeço e sento no banco ao lado do casal. Começo a ficar cismado com o cara. Presto atenção à conversa. Amigos que estão presos. O cara diz referir usar um tresoitão. Dispara meu alarme interno. Discretamente me levanto e passo a catraca. O olhar da moça me procura. Desço do ônibus. No extremo sul da capital peço um taxi, que é recusado dezenas de vezes por ali ser uma zona de risco de assalto. Quase meia hora depois uma motorista aceita meu pedido e em minutos chego à casa da minha amiga.

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