Delírio e realidade- Renê Paulauskas
Se um louco fala: "que se apaguem as luzes!" E coincidentemente acontece um blackout, não há nada que prove que não foi ele o responsável pelo apagão, a não ser a imensa maioria das pessoas levadas pela norma que diz: "isso é impossível". Não quero dizer que de fato o homem foi responsável pelo apagão, mas provoca-los demonstrando como a simplicidade em negar tal possibilidade também é frágil e não passa de opinião sem provas. Nos dois casos é uma questão de crença. No louco, a de seus poderes. Nas pessoas em volta, no materialismo puro e simples.
O que acontece com pessoas que entram em surto psicótico é um achatamento de sua realidade externa a ponto de tocar sua realidade interna. As alucinações podem ser entendidas por esse processo onde o delirante projeta coisas a partir de sua mente como se fossem reais.
Por isso os antipsicóticos são tão importantes para pessoa voltar a enxergar o mundo como algo externo à ela. E assim ter seu universo interno protegido.
Mas enquanto esse processo não se concretiza, é fundamental entendermos que o que o doente mental passa, em seus delírios, nunca pode ser considerado como algo irreal, pois para o delirante é real.
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