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Mostrando postagens de maio, 2025

Meus amigos (poema) - Renê Paulauskas

Meus amigos  Todos rotos, tortos, alquebrados  Como se saíssem do forno  Com seus dons especiais  Difícil viver assim  Como peças únicas  Que mal se encaixam no sistema  Mas tem tanto a contribuir  Para um mundo mais complexo Mas não digo de seus corpos Sim de suas mentes Que cada um com seu mundo Deixando o mundo muito melhor  Contribuem com sua visão  Que perfila o sistema  Mostrando todas as suas agruras Mostrando um caminho  Onde todos um dia poderão ali passar

Os dias- Renê Paulauskas

Os dias tem me comido pelo rabo. Da hora que acordo à hora de dormir a angústia das horas lentas. Nada a fazer, nenhuma tarefa a cumprir, só a dura passagem do tempo me prendendo num vazio. Não, não quero ser ocupado como os outros, que não tem tempo pra nada. Quero me ocupar com minha arte e outros que a influenciam. Conhecer outras pessoas. Falar outras línguas. Conhecer caminhos novos. Talvez para isso tenha que sair de casa. Mas onde ir? Quem irei conhecer, se todos estão ocupados em coisas que nem eles escolheram? Por esses motivos procuro nos livros, filmes e músicas o que irá me influenciar. E acabo quase não saindo, por comodidade, preguiça e economia. Quisera um mundo diferente, onde todos tivessem tempo de sobra, e saíssem pra se ocupar de coisas novas. Quem sabe um dia, nesse dia sairei.

Arte e entretenimento (ensaio)- Renê Paulauskas

Não há outra maneira de fazer arte que não seja sendo sincero. Expondo suas facetas, transbordando suas loucuras, harmonizando com seus sonhos o mundo crú e cruel.  Já o entretenimento, esse calçado no capitalismo, medido e controlado, carrega o feitiço da dormência, faz passar o tempo inerte, inconsciente. Gravita esse mecanismo no tempo certo de um ingresso. E o faz sempre que necessitar o bolso do capitalista.

Tarde (crônica)- Renê Paulauskas

Tantos livros no mundo, a maioria deles ruim. O mesmo em relação a filmes e séries. Meu medo é que essa máxima se encaixe em relação as pessoas também, estaríamos todos perdidos. Passo os dias nessa casa junto a minha mãe. Os dias que saio são refrescos dessa rotina monótona. Me entretenho escrevendo e compondo, sempre que bate a inspiração. Há seis anos não namoro e nem sinto falta. Sempre prezei mais as amizades do que as namoradas, que ao contrário dos amigos, sempre foram embora. A família é nosso alicerce obrigatório. Tem um peso diferente, mais pesado e consistente. Esse ar carregado, de relações que dão suporte à nossa vida, tantas vezes frágil e combativa. Os filhos, diferente dos pais, são o deleite nos dias bons e a maior preocupação nos ruins. Pelo menos eu em relação com minha filha tem sido assim. Mas sortudo que somos, tem sido de maioria beneficos. O leve cansaço da minha idade, traz preguiça e conformidade nos dias dentro de casa. Quando saio é para coisas específicas o...

Pés descalços (poema)- Renê Paulauskas

A vida parada Calada Querendo morder Tantas tardes devotas Querendo algum prazer A sinuosa curva A língua mal falada A tarde embriagada Mas meu corpo meio tonto Cansado de coisas febris  Pede descanso Pede sossego  Pede abrigo E meus pés descalços  Querendo ficar aqui Onde a sala Onde a calmaria Encontrou seu lugar