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Mostrando postagens de julho, 2025

Deixa (poema)- Renê Paulauskas

Deixa essa meia sombra Pra não queimar a vista Que esse mundo é de sombra E vistas cegas Deixa o bandido ser moço E o moço, bandido  A menina, menino E o menino, menina Deixa ser branco Não importando a melanina Deixa ser preto Mesmo o branco do gueto  Deixa o poeta sem rima E a rima na burocracia  Deixa a vida caminhar E o caminho nunca estreitar

Arte/loucura (poema)- Renê Paulauskas

Desordem Loucura Desordem Arte A única diferença entre um louco e um artista, é que enquanto ele está fazendo arte, está organizando seu pensamento.

Brotos no pé (poema)- Renê Paulauskas

Não gosto de mudanças Mas nasceu pé de mamão  Sem ninguém plantar A semente de amora Trazida por passarinho  Germinou e cresceu grande Tem acerola e goiaba Um abacateiro que dá sombra Não gosto de mudanças  Mas há voltas que o mundo dá

Irmã (poema)- Renê Paulauskas

Eu vi a morte No vão da vida E era minha irmã  Desde sempre aqui Só reparei Tarde da noite Séria Muito bonita Inteligente e prestativa  Faz parte dessa família  De anjos tortos e malditos Perdidos nesse horto escondido

Mata (poema)- Renê Paulauskas

Vendo o invisível  Na mata No povo das matas Tudo é grande  Tudo é próspero  A floresta em pé Até o primeiro pé de soja Xingú xingando o veneno  O agrotóxico em suas águas  Câncer nos corpos  No meio da mata Agronegócio na mata Agronegócio mata

Beleza (poema)- Renê Paulauskas

A beleza Um esquadro Onde cabem Todas as incertezas  A grande beleza  Cabe Nas sutilezas

Na festa (poema)- Renê Paulauskas

Na festa A jovem senhora bordando Queria puxar minha linha Depois veio a professora  Querer me ensinar Sem contar A mulher quadro  A me desviar o olhar Eram todas peças  Onde não me encaixava  Ao chegar em casa Vi a foto  Da mulher buraco negro E fui dormir sozinho 

Sombras (poema)- Renê Paulauskas

Fico pensando  Um meio De cobrir as sombras Os passos lentos O rosto pálido  Costuram memórias  Do lado de fora O vento  Tudo leva

Vida (poema)- Renê Paulauskas

Sufocado de memórias  Eu quero ver o oco  Pendurada na janela Ela me traiu Noites sem dormir  Até vingar O dia  E sem mais nada A vida 

Cores (poema)- Renê Paulauskas

Ouço as cores do silêncio  Ocre, vermelho Gemidos violentos Já fugi ao som da chuva Azul brilhante  Lágrimas escondidas O som que eu espero agora? Todas as cores A roupa lavada!

Saudade (poema)- Renê Paulauskas

Saudade Dos acasos Pequenas surpresas  Amigos de fé Da vida Pequenos amores Carinho no pé  Da vida inventada Figuras presentes Num livro qualquer 

Elucubração (poema curto)- Renê Paulauskas

Todo encolhido  Tentando adivinhar  Onde o destino irá me levar

Universo (poema concreto)- Renê Paulauskas

micro M A C R O M I C R O macro Uni Verso

Ruas (poema curto)- Renê Paulauskas

Ao virar a esquina Uma nova reta

Os brotos (poema)- Renê Paulauskas

Os brotos da erva daninha Já tinham suas raízes  Como o bolor no pão A acidez no feijão  Então não me venha dizer Que seu chão veio desabar  Não se negue a ver Que tudo tem seu dia de acabar Caso contrário  Irá deixar de enxergar Que outras formas de amar Podem vingar

Medo (poema)- Renê Paulauskas

Temo nunca ser lido Esquecido em gavetas  Jogado no lixo Como um rizoma não concluído  Uma descoberta abandonada Mesmo assim escrevo Pra sentir na pele meu diário  Com uma febre sem remédio A tempestade das horas e dos dias Mesmo porque não existe saída É esse mundo que devora Que pouco sente e provoca Com reluzente brilho  Riso, choro e desejo Escondido com segredo

Seixo (poema)- Renê Paulauskas

Seixo lapidado no fundo do rio Corrente volumosa de água fresca Me leve para longe Afim de esbarrar em outras pedras Me leve para o mar

Átimo (poema)- Renê Paulauskas

Perdura No álamo O tempo Descompassado Minha vida é breve Um átimo Desgovernado 

Flor (poema)- Renê Paulauskas

Esquece A sorte que te abandonou Quem sabe outra hora Toma seu rumo novamente  E encontra na estrada A flor

Desligados (poema)- Renê Paulauskas

Vai menino mimado julgar os outros! Nesse recorte de um mundo alinhado Todos os outros Mendigos, ambulantes, loucos  E ainda outros  Que se encontram no escritório até  Serem desligados

O mundo (poema)- Renê Paulauskas

O mundo é Material Lógico  Decimal  Tecnológico  Mas também é Espiritual  Irracional  Caótico  Orgânico 

Destino (poema)- Renê Paulauskas

O destino  Entrelaça os fios da gente Fios invisíveis  Acomodando os destinos mortais Por deuses ocos  Que só querem brincar 

Caminho (poema)- Renê Paulauskas

Quem tiver coragem de ir contra o sistema  Mesmo que seja para sua melhoria  Será punido de forma material e espiritual  Sentindo o repuxar de suas travas A ordem há de trazer gravidade Mas se seu feito for de boa fé Há de se introjetar na nova ordem E um novo caminho estará aberto  Pra muitos como você passar

Alimento (poema)- Renê Paulauskas

Eu me alimento dos dias Das horas vagas e mal dormidas Da claridade e suas sombras Qual um rato numa gaiola Meu mundo é vasto  Eu mesmo faço Epifanias  Ideias loucas Coisas vividas Sempre pensadas Nessa mesma sala

Terreno aberto (poema)- Renê Paulauskas

Hoje ele não impera mais aqui Somos nós por nossa conta Sem vantagens ou obrigações  Nosso destino é nosso enfim Cada ação tem sua consequência  Isso é física, não religião  As boas ações tem aplicação pública Um melhor resultado na nação  Deve ser estimulado o bem ao próximo  Por sermos da mesma espécie  Não por seguirmos à Deus  Pois esse Deus, dividiu os homens  Em dignos e indignos Causando uma cisão entre  Seres da mesma espécie  Agora todos podemos construir juntos  Um futuro para todos Uma grande nação.

Teatro (poema)- Renê Paulauskas

No palco A luz acesa Não os holofotes  A luz normal Atores Nenhum Plateia  Vazia Só o palco E a luz acesa E o vazio dos ossos E o vazio das tripas De quem via a vida Aquele teatro sem vida

Essencial (poema)- Renê Paulauskas

O essencial  Sempre melhor que o refinado É se sentir vivo É segredo tribal Ponto final