Símios- Renê Paulauskas

Sou um símio consciente. Não consciente de minha própria natureza como indivíduo, mas da natureza humana, a mesma natureza que está explicita em todas as situações instintivas animais. Àquela que basta um pouco de afastamento mínimo para perceber que não há nada, ou muito, mas muito pouco mesmo, que nos distinga do comportamento selvagem das outras espécies. Talvez, mais a característica de nossa baixa força física, ou estarmos cercados de coisas( tecnologia ) para nos proteger da selva do que uma mudança de comportamento. O modo como um homem olha uma mulher e vice-versa, sua forma física, idade, posição social, é o mais humano e trivial, tão animal quanto qualquer outra espécie.
Porém, há uma esfera simbólica que nos distancia dessa percepção, há de que existe o mundo mágico e espiritual. Onde nos identificamos com deuses e coisas acontecem sem uma lógica racional. É deste material que nos identifica como humanos, e consequentemente diferentes dos outros animais.
Mas será que não é sensato pensar que, se nós pensamos nós mesmos através desse universo irracional, não seria possível os outros animais agirem da mesma forma? Acredito que sim e a etologia está caminhando para fazer um mapeamento das capacidades animais assim como de nosso comportamento e se tem verificado cada vez menos diferenças.

Assim, fica muito provável que nossa superioridade em relação a outras espécies é mais um mito culturalmente desenvolvido do que uma distinção real. Talvez um mito criado, para nós, como espécie frágil e insegura, se sentir melhor em relação ao seu meio natural.

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