Despedida- Renê Paulauskas

 Me despedi da minha mãe e fui dormir no quarto que era do meu avô. Acordei no meio da noite com um som de um cachorro gemendo. Sabia que não podia ser um bicho de carne e osso, parecia mais um espírito, e tentei voltar a dormir um pouco assustado. Pouco depois senti como uma lambida gelada nos dedos do meu pé esquerdo, que coçam sem parar, desde aquele dia em que terminei com Astrid depois de perceber que eu era seu amante e há ter chutado e quebrado o dedo indicador do meu pé. A lambida fria parecia do meu antigo cachorro Tony, mas quando senti na virilha, lembrei da Astrid. Pensei que depois de todos esses anos, com coceira e sem mulher ela estaria lambendo minhas feridas para eu recomeçar. Realmente, depois dela, nunca mais tive relacionamento com ninguém, isto é, ninguém que fosse casada ou comprometida. No final ouvi ela dizendo alto com a voz da minha mãe: ''Engraçado, Paulo!''

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