Faísca - Renê Paulauskas

 Ah, suicidas! Não querem morrer, querem outra vida. Mais intensa, mais viva. Talvez uma sem as limitações da gravidade, da fome, da dor. Uma vida como uma faísca em chamas.

Enquanto essa vida não vem, se arrastam os suicidas em suas cadeiras, se escondem em camas malditas, sonham outros mundos afora.

Maldito não é o suicida, é a vida, esse inhame insonso que governa o dia a dia dos mortais. Essa engrenagem imensa e massiva que gira tão lenta a nos matar em câmera lenta.

Mas herói não é o suicida. Um covarde, um fujão, ao menos que não seja um suicida altruísta. Esse sim é herói. Se sacrifica por algo maior. Tem em mente um mundo inteiro, além de seus pés.

O suicida clássico não tem essa paciência. Sem que já perceba, já se matou.

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