Trincheiras (crônica)- Renê Paulauskas

 Me disseram que esse é o fim. Eu disse pra mim, tudo tem um fim e um novo começo. Agora os ânimos estão exaltados por causa da guerra, a nova guerra. Todos procuram um lado atrás de suas trincheiras e não pensam em mais nada. Mas a verdade é que somos todos de carne e osso, o que dói em mim, dói em você também. Nesse momento extremo, só a empatia nos salvará.

Parece até que as guerras vem para nos testar. Se vamos por ela ou queremos a paz. Eu, estou sempre contra corrente, em tempos de guerra sou pela paz, em tempos muito tranquilos, sou agitado. Assim domo o mundo em pequenas colheradas, caso contrário, ele me engoleria por inteiro.

Nunca esqueço de uma das minhas respostas para prova de sociologia no colégio. A pergunta era, mais ou menos, "Como funciona a sociedade?". Escrevi: "Somos formados por ela e ao mesmo tempo livres para muda-la". Lembro que o professor a usou como resposta padrão para correção da prova, provavelmente para me estimular.

O mundo às vezes parece nos engolir, precisamos pedir ajuda, antes que o faça. Respirar, exprimir através da arte, se ouvir, se dar um tempo. Fazê-lo até reprogramar a rota. Se isso não bastar, procurar ajuda especializada. Até se curar, ou voltar a viver.

As guerras às vezes são mais internas que externas. A própria guerra pode ser um gatilho para disparar um turbilhão de ruídos destrutivos em si mesmo. Por isso, nesses tempos de guerra, vá com calma.

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