Ocioso- Renê Paulauskas

Para quem tem excesso de tempo livre, não mais estuda, nem trabalha, administrar o tempo pode ser uma tarefa árdua. Muito mais fácil seria se deixar explorar por subempregos numa era de fim dos direitos trabalhistas. Mais fácil, não melhor. Estudar já pode ser uma saída, já que não se pode viver só de lazer. Mas depois de formado, muito melhor a liberdade de ser autodidata. O problema é que continua faltando o caráter de socialização, que mais faz falta para quem não se encontra num trabalho ou numa escola. Quando era mais novo estudei numa escola de desenho que foi fundamental para minha formação, muito mais do que a escola de primeiro e segundo graus. Estava envolvido com o tema do desenho de modo apaixonado. Consequentemente conheci outros com o mesmo propósito. Quando fiz teatro na adolescencia senti o mesmo. Fui acolhido pelo grupo que me identifiquei ficando quatro anos com eles. Depois voltei para a escola de desenho, virei assistente do cartunista que era fã e comecei a trabalhar como desenhista. Fiz faculdade da matéria que mais gostei no colégio, sociologia, e comecei a ganhar dinheiro fazendo caricaturas em bares e eventos. Com o passar do tempo, já formado, com minha filha pequena, separado, voltando a morar com minha mãe, o trabalho ao longo de quinze anos deixou de ter demanda e já não me inspirava tanto. Concomitantemente passei a me inspirar mais escrevendo e compondo. Mas nunca passaram de passa tempos com um tanto de seriedade. Hoje me encontro com muito tempo ocioso e pouca atividade. Sinto falta de trabalhar com algo que eu realmente goste e estudar coisas que façam sentido pra mim.

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