Não (micro-conto) - Renê Paulauskas

 O homem, já de meia idade, por dizer tanto sim, um dia, regogitou um não. Simplesmente saiu de sua boca. Primeiro sentiu uma ardência na garganta, que um não é sempre corrosivo, mas depois se sentiu mais leve. De tanto sim tinha parado em cada cilada, que deus nos acuda. Lugares desagradáveis com gente desagradável. Depois se arrependia, se recompunha, passava um tempo, e voltava a dizer sim. Mas dessa vez saiu um não. Ficou mais tranquilo, mais caseiro. E deixou o sim só para quando era sim de fato.

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