Loucuras juvenis- Renê Paulauskas

 Nós pedíamos moedas para minha mãe para beber um litrão no bar mais barato do bairro. Éramos felizes com quase nada. Nos bastava os amigos, as amigas, como ela e a juventude. 

Ela era sete anos mais velha do que eu, mas se sentia uma velha ao meu lado. Nos conhecemos por intermédio de uma outra amiga, maluca e ninfomaníaca, por quem eu estava interessado.

Nos conhecemos no bar porão Lá Pe Jú perto da rua Augusta. Beijei ela na frente da ninfo pra fazer ciúmes. Perguntei "pra minha casa ou pra sua?". Ela falou que morava com o marido, mas estavam separados, foi aí que o caldo entornou.

Meses depois estávamos os três: eu, ela e o marido como melhores amigos, comendo, bebendo, escrevendo, fazendo arte, os três.

Mais tarde ainda descobri que ela falava pro marido que nós dois éramos somente bons amigos. E falava pra mim que estava separada quando não estavam.

Ela estava apaixonada e eu só queria diversão. Um dia saímos eu, a ninfo, um amigo escritor e ela. Fomos num bar na Augusta e eu e esse amigo demos um beijo contra a caretice. A ninfo saiu andando, eu correndo atrás dela apaixonado, a moça casada apaixonada atrás de mim e meu amigo apaixonado atrás dela.

Nessa noite voltei pra casa sozinho e meu amigo ficou com a ela.

Nos dias seguintes vi esse amigo se reportando a ela como sua amante. Não sei porque isso não me caiu bem. Uma semana depois estávamos juntos de novo. Esse amigo nunca me perdoou.

No final da relação comecei a perceber onde estava me metendo. Comecei a sentir remorso pelo seu marido e ciúmes dela com ele. 

Acabou da pior maneira possível. Com briga, separação entre nós e entre o casal.

Ela foi internada com depressão e nunca mais fiquei com ninguém comprometido. Virei quase um santo. Mas vivi aquele ano intensamente.

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