O Senhor do Tempo- Renê Paulauskas

Aquele homem, de altura mediana, roupas velhas, passa despercebido, mas é ele que controla o tempo. Suas pegadas são precisas, como peças de um quebra-cabeça que nem ele consegue enxergar o desenho final. Por isso, ele é somente o senhor do tempo.
Ele anda sempre olhando pro caminho e pisando onde acha o melhor lugar para ser pisado para que tudo caminhe da melhor maneira. Ele não cria com os seus pés, apenas pisa onde parece melhor, como se equilibrasse numa corda bamba.
Um dia estava caminhando olhando pro chão, quando passou uma linda moça, delicada e altiva como uma bailarina a olhá-lo. Seguiu-a hipnotizado com sua beleza e sem perceber foi sendo guiado como se seus pés não existissem naquele momento.
A moça lhe sorria e ele, vermelho de vergonha, enfim perguntou seu nome:
__Meu nome é Maria, você é daqui?
__Sim, meu nome é Renan, sempre estou por aí pelo bairro.
__Estou indo na doceria do escadão, nunca te vi por aqui.
__Vamos lá, também quero comer alguma coisa, nunca tinha te visto também.__Os dois se olharam, sorriram e foram subindo a rua.
No meio do caminho perceberam que tinham muitos conhecidos em comum, inclusive estudado no mesmo colégio, só que em turmas diferentes.
Maria: __Seu apelido não era pingüim?
Renan: __Não me fale desse apelido, eu odiava.
A menina ria e mexia em seus cachinhos, uma cena comovente por tal beleza daquela guria. Antes de abocanhar a esfiha, do lado de fora da doceria, Renan deu um beijo em Maria, que os deixou bem mais juntos naquela tarde, passeando pelo bairro enquanto anoitecia rapidamente até voltarem só bem tarde para suas casas.
Naquela tarde o senhor do tempo não contou as pegadas, tiveram muitos acidentes, mas nada que já não estava preparado pelo destino.

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