Meritocracia e outras bobagens- Renê Paulauskas
Vejo um mundo doente, onde poucos dominam um mundo de
escravos com o discurso de que todos podem chegar ao topo, discurso esse, da
meritocracia, que cria sonhos e ilusões, que escraviza o povo mais pobre e em
vez de criar luta e consciência faz o pobre se voltar contra o pobre só para
ter um momento de também, como as classes superiores, o poder explorar. Esse
discurso rebaixa as classes inferiores a tudo que é baixo ou indigno. Faz delas
cegas. Impõe-se a elas o único valor, que não tem valor, o valor do dinheiro e
nada mais. Quando se sabe que o dinheiro nada tem de valor em si mesmo, a não
ser como valor de troca. O valor do dinheiro é uma abstração. Só tem o valor de
troca por algo que seja comprado, nunca antes disso. E só se significa às
coisas que compra, num mundo onde existem riquezas muito maiores do o dinheiro,
ou seu peso em ouro. Não se pode comprar um amigo com dinheiro, ao menos que
seja um amigo por interesse, que faz dele um interesseiro, não um amigo de
fato. O mesmo se dá em relação ao amor. Na verdade, as pessoas possuidoras de
muita riqueza material, vivem uma vida, o contrário de uma vida feliz, cercada
de interesseiros, nunca contando com a sinceridade, e se isolam e são obrigados
a sobreviver o mundo das aparências, da classe e da elegância. Enquanto, para
ser feliz, simplicidade, sinceridade e amor já bastam.
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