Talentos e seus oficios- Renê Paulauskas

No ano 2000, tinha 21 anos, estava desempregado a um ano. Meu último emprego tinha sido como assistente de um cartunista de que era fã. Tinha passado mais tempo desenhando, dentro ou fora da escola de desenho. E pensava, ainda quando era assistente, em desenhar as pessoas na rua.
Certo dia, peguei um bloco de folhas e fui oferecer de fazer caricaturas nos bares próximo da casa do meu pai, onde estava morando.
Em pouco tempo estava ganhando mais do que como meu antigo emprego. Depois fui convidado a fazer eventos, onde cobrava por hora.
Em 2008 cobrava três vezes o valor por hora do que cobrava em 2000. Tinha feito uma turne fazendo caricaturas no Brasil inteiro, viajando de avião, ficando nos melhores hoteis, mesmo não ligando para essas coisas.
Daí veio a crise mundial, acabando com todos investimentos e gastos com entretenimento e cultura.
Desde então o trabalho de eventos praticamente acabou no Brasil. Trabalhos que fazia em menor escala, como ilustração pra livros, também piorou muito. Várias editoras fecharam. O que sobrou foi fazer caricaturas nos bares.
Com o tempo a crise chegou até nos bares dos bairros mais boêmios. Estava acostumado a fazer caricaturas no bairro Vila Madalena, do lado de casa, em São Paulo. Um bairro de origem de universitários e artistas. Que foi virando um bairro boêmio elitista. Onde o público foi perdendo o interesse pela arte.
Fazem mais de quatro anos que parei de fazer caricaturas. Nesse meio tempo me dediquei a projetos como quadrinhos, animações e literatura. Mas já fazem mais de quatro anos que não me sustento do meu próprio trabalho. Em 2000 era mais fácil.

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