GAROTAS
Nada parecia proibido
Se juntasse todas as mulheres que teve contato, não daria
para fazer um curau. Mas estouradas como pipoca, dava uma panela cheia. Não
tinha tido tantos contatos, relacionamentos menos ainda, mas sentia a
necessidade de escrever sobre elas.
Quando criança, ainda no pré, todos brincavam no intervalo
entre o pátio, os brinquedos como o trepa-trepa e a gangorra, a horta e os
muros, que na verdade pareciam só paredes. Era uma farra e acredito que éramos
felizes de verdade. As meninas já nos interessavam, mas ainda não sabíamos
direito como nos relacionar com elas.
Ainda não sabe e hoje tem menos traquejo com elas do que
nesse brilhante começo de vida, onde tudo era novidade e nada parecia proibido.
Num desses intervalos, uma garota parecia ousar muito mais
do que as demais, chegando um dia a mostrar para todos os garotos sua perereca.
Só que eu estava distraído em outra parte da escola e quando soube da novidade
já era tarde, o sino tocou e eu não consegui ver nada no meio daquele tumulto
todo de meninos em plena euforia tentando se revezar para ver a novidade.
A garota ficou falada, na verdade acho que por causa da
reprimenda dos professores. Pois nós gostamos muito e se não fosse as
professoras adoraria ver numa segunda vez aquilo que se tornou naquela tarde o
evento mais interessante para todos nós meninos.
Aquela garota foi a primeira que tive um real interesse,
passando a pensar sobre ela varias vezes até o ginásio, quando a encontrei e
descobri que se tornou uma menina simpática, mas meio pudica.
Ainda no pré, num dos intervalos, passeando distraído,
encontrei uma garota muito simpática com quem fiquei até o fim do intervalo.
Conversávamos muito e reparava pela primeira vez como ela menina era diferente
de nós, muito delicada e conduzia a gente pelo pátio aonde ela queria como se eu
estivesse hipnotizado naquele momento. Ao tocar o sino ela entrou para uma sala
e eu noutra e apesar de estudarmos na mesma escola, nunca mais a vi.
Percebi que quando me interessava pela companhia da pessoa
como no caso, não tive muito êxito. Já quando me divertia simplesmente as
coisas aconteciam.
Dentro da sala de aula em plena aula, juntamos as mesas para
fazer trabalho em grupo. Por acaso fiquei junto com duas garotas. Tenho uma
coleção de borrachas e desço embaixo da mesa para pegar uma que caiu. A garota
desce embaixo da mesa comigo e dou meu primeiro beijo. A segunda garota desce e
pergunta o que estamos fazendo. Puxo-lhe e dou um beijo também. Sem perceber a
professora está chamando alto meu nome na sala.
2- O prezinho acabou
Quando mudei de escola, passei longos anos sem me adaptar. A
falta do parquinho, as árvores, aquela farra toda cheio de crianças de quase a
mesma idade substituída por uma sala onde tinha que se aprender a fazer contas
e escrever não foi nada bom pra mim. Eu que aprendera a me relacionar e ser
mais expansivo com as garotas, no ginásio retrocedeu em uma timidez e um
comportamento em que não fiz nenhum amigo dentro da escola. A não ser de finais
de semana quando a escola era ocupada por nós para fazer brincadeiras, como
pega-pega, esconde-esconde, pula corda.
Mas o traquejo com as mulheres foi substituído por uma
timidez que ao contrário me afastava delas. Fazendo com que os garotos no
ginásio falassem que eu tinha medo de mulher. Chegando a receber convites de
garotas que eu por timidez demorava tanto a responder com que essas
dificilmente ficavam disponíveis quando eu queria.
Ia eu vendo as garotas interessadas em mim com o passar do
tempo ficando com meus colegas e até amigos por falta de minha atitude.
Com o tempo fiz dois amigos na rua de casa andando de
bicicleta. Com eles passei a sair junto para paquerar as garotas, só não
adiantando muito para o meu sucesso, pois eram dois fracassados em matéria de
garotas.
3- Começo da vida adulta
Já no colegial depois de muitos anos naquela camisa de
timidez, tive coragem de convidar a primeira garota do colégio para sair. A
garota não era muito normal, do tipo que gosta de ETs e meditação, mas aceitou
sair comigo. Demos uma volta, chegando finalmente numa pracinha. Foi lá que ela
perguntou se eu já tinha beijado de língua. E se não, deveríamos experimentar,
pois já estávamos velhos para não ter experimentado o que a maioria dos nossos
colegas já faziam há anos. Concordei e nos beijamos.
Ela era a primeira garota com que eu tive o projeto de ter
uma namorada. Só não foi a primeira porque ela parecia mais interessada em me
usar como um experimento do que sentia algo por mim.
Após perder a virgindade com outra mulher, que me colocou no
carro e me levou direto para o motel, conheci a segunda garota com quem teria
um primeiro relacionamento.
Terminado o cursinho descobri que havia uma garota
interessante que gostava de mim e que nunca dera bola. Fui ao cursinho, peguei
o endereço de onde trabalhava e pela primeira vez levei flores para uma garota.
Que reclamou dizendo que estava atrapalhando o trabalho dela. Mas no dia
seguinte ligou agradecendo.
Combinamos de sair. No final do passeio me parou na rua e me
beijou deixando meus lábios inchados. Com ela aprendi a namorar. Durando o
suficiente para chama-la de primeira namorada.
4-A segunda namorada
Estava na ópera punk com meu amigo gótico, já tendo
conhecido de maneira mais intima uma das garotas na primeira vez, quando vejo
uma japonesa se interessar por mim. Eu adorava japonesas mesmo sem nunca antes
ter ficado com uma. Essa garota é especial. Não só porque era japonesa, porque
tínhamos muita coisa em comum e passamos o namoro nos curtindo muito como dois
aventureiros vivendo loucuras em viagens, lugares públicos ou proibidos. Até
que tivemos uma filha e passamos dois anos casados.
Depois de nos separar conheci na faculdade a primeira garota
verdadeiramente apaixonada por mim. Pela qual me deixei levar por anos,
voltando a nos ver ocasionalmente depois de termos terminado e sendo amigos até
hoje. Sendo a única que não se queixou de mim até hoje.
A primeira vez que saímos me perguntou se eu gostava de
assistir filmes pornôs. Isso era uma atitude dela assim como a maioria que
fazia tudo ficar mais fácil. Tive depois uma namorada louca que me convidou
para sair e que depois de umas duas cervejas, me beijou em plena rua. Outra que
era linda como uma modelo, mas disse que nunca tinha beijado na vida, pedindo
para me beijar.
Todas queriam de mim alguma coisa. Podia ser um beijo,
beijos e sexo, namorar, ou até casar. Mas sempre eram elas que comandavam,
fosse um convite, uma conversa ou simples correspondência ao olhar. Só quando
elas se mostravam interessadas é que as coisas aconteciam. Assim deixei de me
preocupar, já que são elas que estão no controle. Nos últimos anos passei a
aproveitar melhor as chances em cada contato, mas estou longe de me considerar
um conquistador.
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