TONI-Renê Paulauskas


Em vão ele tentava entender a vida, mas ele nem ao menos era narrador desta história. Simples personagem, do tipo que não pode enxergar personagens que estão encobertos por muros, distância ou que andam por outros caminhos. Mas tentava. Sempre olhando para o chão e pensativo, achava que um dia ia sair daquele labirinto.

Os outros só agiam. Alguns concordavam menos outros mais. Mas no geral aceitavam as coisas como eram ou como lhe pareciam. Seus problemas eram do tipo: caiu a bola no vizinho. Preciso de um sapato novo. Fulano é muito chato. Estou endividado. Já ele, não se preocupava tanto com tais problemas, porém deixava de ter uma vida normal.

Andando de olhos para o chão, olhava para si, procurando resolver os problemas do mundo. Visto daqui era um ponto preto prestes a esbarrar em qualquer poste, pedra ou buraco que estivesse em seu caminho.

Uma garota começou a se interessar por ele sem que se fizesse notar. Passava por ele sempre quieta, mas com um sorriso tímido os dois se olhavam.

O tempo foi passando e Branca ligou para Toni até que saíram pela primeira vez. Foram a uma trilha no meio do mato atrás de uma cachoeira. Toni furou seu dedo num espinho. Branca pediu para ver, pegou seu dedo e chupou até o sangue estancar. Corado e vivo, começou a se interessar mais por aquela garota.

Branca não gostava de pensar muito, gostava de viver a vida. Toni foi se deixando levar por aquele sentimento de carpe diem e quando começava a pensar demais Branca falava: ‘’pensar demais fede’’. E assim os dois foram vivendo. De cachoeira em cachoeira, de praia em praia até que Branca teve um susto e pensou: Meu deus! Estou grávida.

Toni adorou ser pai, mas por outros motivos os dois viveram juntos só até os dois primeiros anos de Sofia, que cresceu adorando o pai, com quem adora conversar reflexões e pensamentos filosóficos.

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