O Filho da Chocadeira- Renê Paulauskas
O mundo, d’onde nascem formigas sem fim, carrega um filho
solitário. Parece que as coisas não se importam com isso com suas buzinas,
escavadeiras, edifícios e usinas. O menino parece ter nascido de uma
chocadeira. Logo desaprendeu a andar, falar, ouvir, olhar, rir e pensar. As
coisas saíram dentro dele e se alojaram num outro lugar.
Foi assim que se viu num branco, um lugar vazio, até de ar. Lá
parado o mundo ficava cada vez mais devagar. E quanto mais devagar mais
aumentava sua pressa de sair dali. Até que viu uma sombra. Umas pontas em cima,
um corpo cumprido, que balançava junto com ele. A sombra crescia quando se
afastava como um gigante. Quando se aproximava ia encolhendo, parecendo um
anão.
Procurou outras formas, como seres curiosos que nunca tinha
visto. Então ouviu barulhos: Um motor de um carro lá longe que desenhava as
ruas de seu bairro, um amontoado de latidos do lado que pareciam uma estranha
sinfonia desafinada, uma festa do outro lado com crianças que pareciam mais
desanimadas do que os adultos. Então olhou a lua, pensou nas mulheres, como
eram diferentes. E começou a balançar na rede: Mais forte, mais forte, mais
forte! E riu.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu feedback, analíse, crítica ou sugestão?:Obrigado