Escritos da ilha- Renê Paulauskas

Tenho medo de ir pra rua e me perder sem um objetivo, um foco. Como me perdi outras vezes, mesmo conseguindo voltar, com ajuda dos orixás. Adoro caminhar com pessoas que gosto. O foco passa a ser a pessoa, e isso é obvio. Para caminhar sozinho é preciso um motivo, um porquê. Nenhuma pessoa é uma ilha.
Tenho excluido o máximo de contatos indesejados para deixar terreno aberto para novos contatos interessantes. O problema é que essa técnica não tem dado muito certo. Volto sempre aos velhos contatos, carcomidos, empoeirados. E o novo sempre demora a aparecer. Ou vem com cara de já velho, ultrapassado.
Me podando, ou podando os envolta de mim vou ficando cada vez mais sozinho, isso é fato. Meu problema é a falta de paciência. Ela que rejeita o mesquinho, o desarmônico, o enfadonho, o trivial, o desprazer, enfim, tudo que me desagrada.
Então caio solitário nesse mundo imperfeito, cheio de tantos diabos. E me pergunto se tenho coragem de ir pra rua denovo. Depois de tantos tombos. Machucado pelo tempo, pela vida. Uma hora eu saio. Hoje prefiro escrever em casa.

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