Invisível (ensaio) - Renê Paulauskas

 Do mesmo modo que quatro lados iguais formam um quadrado e um cubo é formado por seis quadrados, não se pode dizer que um quadrado e um cubo são a mesma coisa. O discurso passa pelo mesmo processo. Não se deve interpretar um discurso por apenas um trecho. O grande problema das redes sociais é que são definidas não por seus usuários, mas sob um número definido de discursos que pensam pela maioria. Dessa forma o usuário comum é vítima, sem se dar conta, perdendo sua identidade pessoal em troca de uma que já vem pronta, bem acabada e efetiva. Relacionamentos são desfeitos, brigas iniciadas, tudo ministrado apartir da ordem egemonica dos discursos polarizados. Que guiam a massa ignara, dessa vez, se achando dona da razão. O cancelamento social se dá pela mesma maneira. Quando passamos a ser integrantes de narrativas prontas só para nos sentirmos fazendo parte de algo correto?

Essa polarização via redes sociais foi implantada no Brasil nas eleições de 2018 depois ter eleito o presidente Trump nos Estados Unidos por um método de radicalização da população norte americana via redes sociais pela Cambridge Analítica, ministrada por Steve Bannon. Outros países também sofreram impacto de suas políticas gerando, como aqui no Brasil, governos de extrema direita. 

No meio dessa guerra discursiva, cabe a cada um despertar, sentindo o próprio cheiro, o cheiro do outro, e o que nos agrada. De olhos fechados, imersos nos toques, afagos. Abrindo os olhos pra vermos, não o que está escancarado em faixas, mas o que estava alí, o tempo todo, sem ser visto.

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