Hospício- Caio Sales
Hospício
Minhas mãos tremem dentro do hospital.
Em seu pátio o sol fere os meus defeitos de caráter.
Eu vejo no recôndito mais escuro do meu ser
O nefasto monstro, que desde nascituro me habita, o mal!
As paredes de toda clínica do lado interno
São de um amarelo pálido doentio dão a impressão de que vão
esfarelar
Universos de insana sordidez que quero desatrelar
Da minha angustiada e melancólica vida antes de sair do
inferno
São delírios assim como as garras
Que me impedem de continuar na escravidão
Do vício horrendo, estou contido, me ferem os punhos essas
amarras
E isso me faz sentir a podridão
Atormentado pelos desencarnados
Luto no hospício pela liberdade
Esse senso comum que antes me deixava enojado
Tamanha sua crueldade
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