O COMEÇO DO FIM- RENÊ PAULAUSKAS
A fina separação entre o que imaginamos e o fato em si, é a
verdadeira questão. Saber se o que pensamos é a realidade, ou se condiz com
ela. Mesmo não sabendo não deixamos de pensar. Imaginamos, fantasiamos,
distorcemos, mas onde está a verificação das coisas? Na ciência, sem dúvida; e
duvidamos disso também. Chegamos num corredor onde não há fim, cada passo é uma
ideia, que se liga a outra, e é refutada, e se cria outra, e outra, até um fim
sem começo, meio sem fim. E queremos saber a verdade, a “verdade”, como se algo
assim pudesse existir no nosso cérebro. Um órgão que vive de impulsos, conexões,
que existe por elas. O tal conhecimento é um condicionamento desses nervos que
vivem por si. Depender deles para viver é tão ridículo como viver para outro órgão,
como o estômago.
Nunca deixamos de pensar, nosso órgão está sempre em plena
atividade, mas não nos enganemos em achar que o que pensamos é de fato a coisa
em si. É tão patético como querer diagnosticar a qualidade de uma comida
morrendo de fome. Mas como é difícil nos ausentar, pois ao pensar sentimos, e
tudo parece tão real.
Treinar a mente também é algo risível. Acredito que não há
muito que fazer. Vivemos, pensamos, agimos, o problema é acreditar que nesses
comandos existe uma verdade, quando tudo parte de impulsos cerebrais do nosso
órgão que mais nos comanda.
E criamos leis, regras, um universo inteiro em cima disso,
como se fosse real, uma cultura, um conhecimento. Livros, enciclopédias,
dicionários, de todos os tipos, sobre todos os assuntos. Universidades, políticas,
governos... tá aí nosso fim, o começo da humanidade.
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