Preconceito, a barreira invisível- Renê Paulauskas
Se há uma coisa que não tem barreiras, é o preconceito. Ele
está em todas as classes, etnias, idades, em todos, indiscriminadamente. Em
pessoas que se acham esclarecidas, simplesmente por terem déficit de
informação. Ou às vezes, quando transformam essa falta de informação numa
verdade, gerando a discriminação.
São preconceitos de classe, de cor, grupo social, a lista é
quase interminável. Tudo produzido por uma falta de empatia que permita se
colocar no lugar do outro e entender a realidade que não seja somente a sua. Preguiça,
comodismo, falta de interesse e alienação, ajudam muito para esse quadro.
Assim, a sociedade é fracionada entre grupos de iguais, ou
melhor, se distancia daquele que seja minimamente diferente por não compreender
de imediato sua realidade. Para pegar um exemplo, sobre o assunto de classes
sociais, na maioria dos casos as classes tem contato direto com sua própria e em
segundo lugar com a de cima e a de baixo por estarem dentro do mesmo universo
compartilhado. Fora desse universo é preciso uma imersão, que na maioria das
vezes não acontece.
Assim, temos uma sociedade toda dividida em classes, cores,
mesmos interesses. Podemos incrementar essa análise usando o conceito de Bourdieu
de capitais. Segundo ele, as pessoas se comunicariam por tipos de capitais: capital
financeiro, capital social, capital cultural. Fazendo uma composição geral de certos
grupos, por exemplo, os intelectuais: alto capital cultural, médio capital
social, baixo capital financeiro. E esse tipo de conformação social teria seus
limites. Por exemplo, não se relacionar com o grupo de empresários: capital financeiro
alto, capital social médio, capital cultural baixo.
Bourdieu sofreu muita discriminação na escola por ter vindo
do interior. Sua pesquisa é resultado de observações iniciadas por problemas
dessa natureza, as diferenças de trato e relação entre as pessoas, sua conduta
e uso de poder. Ele achou mecanismos que explicam a estratificação social, mas
não achou uma fórmula para acabar com essas estruturas.
“Não faça ao outro o que não queres que te façam” e “Amar ao
outro como a si mesmo” podem auxiliar a quem deseja sair de sua bolha social e
começar a entender outras realidades. Esses conceitos
são ótimos primeiros passos.
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