Anjos tortos- Renê Paulauskas
O mundo não acordou com meu grito. Só fiquei mais rouco e impotente. Meus versos tronchos não foram abençoados. Meu alaúde foi quebrado. E segui um anjo torto. Sem lugar, um tanto castigado. Na berlinda, no meio de tantos outros anjos desgraçados. Putas velhas, moradores de rua, artistas sem grana, marginais de toda parte. Nossa música não é ouvida. Sim, confundida com o barulho da avenida, dos carros, buzinas, transeuntes de toda parte. Da onde pisam apressados os bem afortunados e dalí saem cansados. Esquecidos, ignorados ou maltratados, já não cantamos, só vivemos sem sermos escutados.